ATA DA TRIGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 19.05.1997.

 


Aos dezenove dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cyro Martini, Hélio Corbellini, João Dib, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Paulo Brum, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Trigésima Sétima Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pela Mesa Diretora, os Projetos de Resolução nºs 17 e 18/97 (Processos nºs 1660 e 1661/97, respectivamente); pelo Vereador Carlos Garcia, o Pedido de Informações nº 85/97 (Processo nº 1579/97) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 95/97 (Processo nº 1537/97); pelo Vereador João Dib, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador José Valdir, o Projeto de Lei do Legislativo nº 97/97 (Processo nº 1550/97); pelo Vereador Luiz Braz, o Pedido de Informações nº 84/97 (Processo nº 1575/97); pela Vereadora Tereza Franco, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 05/97, do Vereador Luiz Cláudio Pereira, Presidente da Câmara Municipal de Gravataí/RS; 07/97, do Vereador Mário Sérgio Batistello, Presidente da Câmara Municipal de Esteio/RS; 28/97, do Senhor Renato Ferreira, Coordenador-Geral do Programa Guaíba Vive; 37/97, da Senhora Jocelaine Gomes, Coordenadora do Movimento Tradicionalista Gaúcho da 10ª Região Tradicionalista; 171/97, do Senhor João Carlos Vasconcellos, Diretor-Presidente da Empresa Portoalegrense de Turismo S.A. - EPATUR; 179/97, do Senhor Mauro Pinto Soares, Diretor de Planejamento da Empresa Portoalegrense de Turismo S.A. - EPATUR; 354/97, da Senhora Vera Lúcia Martins Vianna, Superintendente de Negócios da Caixa Econômica Federal; 454/97, do Senhor Vicente Joaquim Bogo, Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul; 537 e 898/97, da Senhora Doris Simch Brochado, da Casa Civil da Presidência da República; 660/97, do Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho, Chefe da Casa Civil do Estado/RS; s/nº, da Senhora Wrana Maria Panizzi, Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS; s/nº, do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da  Alimentação - de <D>Porto Alegre; Relatório da Comissão Externa constituída com o objetivo de acompanhar <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>a mobilização contra a privatização do Banco Meridional do Brasil; Informativos: do Instituto Brasileiro de Administração Municipal - IBAM, acerca do tema "Mulher e Políticas Municipais"; da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, acerca do tema "Guaíba Vive"; da União dos Vereadores do Rio Grande do Sul - UVERGS, divulgando o 7º Congresso Latino-Americano de Parlamentos Municipais, realizado de oito a dez de maio do corrente; da Associação Gaúcha das Empresas de Propaganda ao Ar Livre - AGEPAL, sobre a importância do trabalho deste segmento na Capital. Em continuidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Embaixador Musa Amer Odeh, Chefe da Delegação Especial Palestina no Brasil, e do Senhor Adilo Hadi, convidando-os a integrar a Mesa dos trabalhos, e concedeu a palavra ao Vereador Adeli Sell, que, em nome da Casa, saudou os visitantes. Ainda, os Vereadores João Dib e Elói Guimarães manifestaram-se em saudação aos visitantes. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Embaixador Musa Amer Odeh, que teceu considerações a respeito da situação política ora observada no Oriente Médio, e ressaltou a importância do apoio de todos os países, em especial o Brasil, para que as tratativas de paz naquela região tenham êxito. Após, o Vereador Gerson Almeida formulou Requerimento verbal solicitando que a Casa manifeste, através de uma Moção de Solidariedade, seu apoio às negociações de paz no Oriente Médio, ao que o Senhor Presidente declarou que serão tomadas as medidas cabíveis no sentido de atender a este Requerimento. Às quatorze horas e vinte e nove minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e seis minutos, constatada a existência de "quorum". Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças do Secretário Municipal do Planejamento, Senhor Newton Burmeister, da Economista Clarice Copetti e da Arquiteta Marilu Maraschin, que compareceram à Casa nos termos do Requerimento nº 113/97 (Processo nº 1607/97), de autoria do Vereador Cláudio Sebenelo, convidando-os a integrarem a Mesa dos trabalhos. Em continuidade, face à solicitação do Vereador Elói Guimarães, foi feito um minuto de silêncio em vista do falecimento do ex-Deputado Estadual Plínio Dutra. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Newton Burmeister, que prestou informações a respeito do não -cumprimento, no processo de aprovação do complexo habitacional e hospitalar "Projeto Hermes", do artigo 23 da Lei Complementar nº 43/79, e respondeu a questionamentos dos Vereadores Cláudio Sebenelo, João Dib, Isaac Ainhorn, Juarez Pinheiro, Carlos Garcia, Guilherme Barbosa, Anamaria Negroni, Hélio Corbellini e Antonio Hohlfeldt, acerca do referido projeto, em especial quanto às questões de infra-estrutura e impacto ambiental verificáveis na área de sua implantação. Na ocasião, o Senhor Presidente, respondendo Questões de Ordem dos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Gerson Almeida, Cláudio Sebenelo e Isaac Ainhorn, esclareceu a forma como seriam encaminhados os questionamentos  ao  Senhor  Newton Burmeister. Também, foi registrada a presença do ex-Presidente deste Legislativo, Senhor Dilamar Machado e, às dezesseis horas e trinta e cinco minutos, o Senhor Presidente agradeceu a presença dos representantes da Secretaria do Planejamento <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Municipal, declarando suspensos os trabalhos, nos termos regimentais, sendo os mesmos reabertos, constatada a existência de "quorum", às dezesseis horas e trinta e oito minutos. Em continuidade, foram apregoados os Ofícios nºs 23l e 229/97, do Senhor Prefeito Municipal, comunicando seu afastamento, nos dias vinte e vinte e dois de maio do corrente ano, por motivo de viagem, respectivamente, a Brasília e ao Rio de Janeiro, e foi apregoado Requerimento da Vereadora Maria do Rosário, solicitando Licença para Tratamento de Saúde nos dias vinte e vinte e um de maio do corrente ano. Também, o Senhor Presidente comunicou ao Plenário que às dezoito horas do dia de hoje encerra-se o prazo para apresentação de emendas populares ao Plano Plurianual para o quadriênio de 1998/200l, procedendo à leitura de emenda popular encaminhada à Casa, nos termos legais. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt reportou-se ao comparecimento à Casa do Secretário do Planejamento Municipal, discorrendo sobre os motivos que levaram Sua Excelência a solicitar cópias dos pareceres da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Secretaria Municipal de Obras e Viação quanto ao "Projeto Hermes", encarecendo o máximo de atenção de todos às questões que vêm sendo suscitadas com referência a este Projeto. A seguir, o Senhor Presidente deu conhecimento ao Plenário do Ofício nº 232/97, do Senhor Prefeito Municipal, o qual encaminha Mensagem Retificativa ao Projeto de Lei do Executivo nº 09/97 (Processo nº 1069/97 - Concessão de reajustes tarifários para os serviços de táxis). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib teceu considerações acerca do Jornal Agora, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, salientando sua alta tiragem e declarando apresentar o mesmo "uma série de propagandas que não correspondem à realidade" de Porto Alegre, abordando, principalmente a questão do abastecimento de água na Cidade. Em prosseguimento, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Nereu D'Ávila, solicitando alteração na ordem dos trabalhos, passando-se ao período de ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Resolução nº 29/96 que, a Requerimento, aprovado, do Vereador Luiz Braz, teve sua discussão adiada por duas Sessões. A seguir, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Vereador Elói Guimarães, solicitando seja o Projeto de Lei do Executivo nº 09/97 considerado em regime de urgência e submetido à Reunião Conjunta de Comissões Permanentes; do Vereador Guilherme Barbosa, solicitando a retirada de tramitação da Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 167/96 (Processo nº 2855/96); de nº 110/97 (Processo nº 1554/97 - destinação de período de Grande Expediente para homenagear a IIIª Semana  Estadual da Pessoa Portadora de Deficiência), de autoria do Vereador Paulo Brum; de nº 117/97 (Processo nº 1651/97 - destinação de período  de   Co<D>municações para homenagem ao Dia do Professor), de autoria do Vereador Eliseu Sabino; de nº 119/97 (Processo nº 1658/97 - solicitação para representar a Casa como palestrante na IIª Conferência Municipal de Direitos da Criança e Adolescente de Cruz Alta, com pagamento de diária), de autoria da Vereadora Maria do Rosário; do Vereador Gerson Almeida solicitando seja o Projeto de Lei Complementar <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>do Executivo nº 02/97 (Processo nº 1267/97) considerado em regime de urgência e submetido à Reunião Conjunta de Comissões Permanentes, este por dezenove Votos SIM e nove votos NÃO, após ser submetido à verificação de votação, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Ruas, Renato Guimarães e Não os Vereadores Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Tereza Franco, e tendo sido aprovado também quando de sua votação simbólica. Na ocasião, respondendo a Questão de Ordem do Vereador João Dib, o Senhor Presidente informou não existir qualquer impedimento regimental à solicitação de regime de urgência para o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 02/97, tendo o Vereador João Dib informado que encaminhará recurso a essa decisão e solicitará renovação da votação do Requerimento acima referido, do Vereador Gerson Almeida. Durante a Ordem do Dia, os trabalhos estiveram suspensos das dezessete horas e quatro minutos às dezessete horas e dez minutos, nos termos regimentais. Em PAUTA ESPECIAL, 6ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 18/97, discutido pelos Vereadores Adeli Sell, Lauro Hagemann e Reginaldo Pujol. Na oportunidade, respondendo a questionamento do Vereador João Carlos Nedel, o Senhor Presidente informou que o prazo para resposta do Executivo Municipal ao Pedido de Informações nº 67/97 (Processo nº 1242/97) venceu dia dezoito do corrente, sendo prorrogável por mais quinze dias. Também, prestou esclarecimentos acerca das medidas que vêm sendo tomadas para reformar e equipar a Casa, apregoando Aviso de Licitação publicado no Jornal Zero Hora, referente às Tomadas de Preços nºs 02, 03 e 04/97, deste Legislativo. Ainda, os Vereadores Luiz Braz e Maria do Rosário manifestaram-se acerca da ocupação deste Plenário durante a tarde da última sexta-feira. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz comentou reunião da Bancada do PTB marcada para as dezesseis horas e trinta minutos da última sexta-feira, neste Plenário, declarando que a mesma estava devidamente agendada junto à Assessoria de Relações Públicas e lamentando que o Plenário não tenha sido liberado em prazo hábil pela Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. A Vereadora Maria do Rosário, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Luiz Braz, analisou assuntos tratados na reunião da Comissão de Defesa  do  Consumidor  e  Direitos  Humanos,  na última   sexta-feira, neste  Plenário, referentes à vigilância clandestina em Porto Alegre, e declarou que, na agenda semanal recebida da Assessoria de Relações Públicas, não constava outra reunião para aquela data, a não ser a da Comissão que integra. Às dezoito horas e vinte e dois minutos, esgotado o horário regimental, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol e Paulo Brum e secretariados pelo Vereador Paulo <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Brum. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 

 


<@N>O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Aproveito a oportunidade para registrar a presença entre nós do Embaixador Musa Amer Odeh, Chefe da Delegação Especial Palestina no Brasil. Convido S. Exa. para que tome assento à Mesa dos trabalhos.

Convido o Ver. Adeli Sell para que, em nome da Casa, faça uma saudação aos nossos ilustres visitantes.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr. Secretário, Exmo. Sr. Musa Odeh, Embaixador Palestino no Brasil, meu caro amigo Adilo, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, meus Senhores e minhas Senhoras. É com grande satisfação, meu caro Embaixador, que, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, trago a saudação do povo de Porto Alegre a S. Exa., ao seu povo, e, como já disse em outra oportunidade, para nós, no final deste século, início do próximo milênio, é fundamental que no mundo possamos encontrar juntos o povo, a Nação e o Estado, porque é dessa maneira que queremos expressar o direito legítimo que têm os povos, em qualquer parte do mundo,  de manter a sua autodeterminação. Nós, que somos um povo  que já sofreu muito com guerras, com perseguições, com ódios, queremos ver, no final deste século, a paz no mundo. Sabemos que esse nosso desejo, que essa nossa vontade não é tão fácil de ser conquistada, mas creia, meu caro Embaixador, que se depender da Câmara de Vereadores, do esforço de cada um de nós - e tenho a certeza de que falo, também, pelo espírito de abertura, de fraternidade do povo de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul -, nós alcançaremos esse objetivo muito em breve. Por isso, gostaria que V. Exa. levasse,  da  Cidade de Porto Alegre, a mensagem de solidariedade e de fraternidade do nosso povo. Queremos assumir um compromisso pessoal - creio, inclusive, que poderia falar em nome de todos os Vereadores - de fazermos um movimento de expressão pública, não só nossa, aqui, mas de personalidades da nossa Cidade,  para que fosse expressada a nossa solidariedade ao povo palestino e, fundamentalmente, queremos a paz no mundo. Se depender do nosso esforço, tenha a certeza de que estaremos trabalhando por isso.

 Portanto, nesta tarde de segunda-feira, na abertura dos nossos trabalhos, queremos abraçá-lo e deixar a nossa saudação em nome da Câmara, do povo de Porto Alegre e de todos os gaúchos. Muito obrigado. (Palmas.)

     

 (Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. João Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO DIB: O Ver. Záchia e eu tentaremos dizer ao nosso Embaixador e ao Adilo, nosso amigo: "Saha ua salem".

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: O PDT  faz nossas as palavras do Ver. João Antônio Dib ao ilustre visitante.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós entendemos que o Ver. Reginaldo Pujol indicou o Ver. Adeli Sell para saudar o Embaixador em nome de todos nós, o que foi feito.

O Sr. Embaixador Musa Amer Odeh está com a palavra.

Fará a tradução o Sr. Adilo Hadi.

 

O SR. MUSA AMER ODEH: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, sinto-me muito feliz visitando esta nobre Casa pela terceira vez. Já havia acontecido nesta Casa maravilhosa o recebimento do título de "Cidadão gaúcho" (sic) para um dos membros da nossa comunidade no Estado do Rio Grande do Sul. Também o Prefeito da Cidade da Faixa de Gaza foi recebido com muito calor pelos Srs. Vereadores desta Casa. Eu também trago os abraços e agradecimentos do Prefeito da Faixa de Gaza a V.Exas., pela recepção calorosa que ele recebeu em Porto Alegre, pelos projetos e certas discussões políticas que tiveram, que fizeram um grande sucesso na nossa área, na Faixa de Gaza. Pedimos desculpas a V.Exas. porque sempre trazemos para a classe política brasileira de um modo geral as nossas dificuldades. Pelo fato de nós estarmos carregando a bandeira da paz, como V. Exas. sabem, e não é de hoje, não somente pela bandeira da paz, sempre contamos com o apoio e a solidariedade de todos os segmentos políticos brasileiros, de diversos partidos e, o mais importante, com a solidariedade do povo brasileiro, que vem, inclusive, através dos seus representantes, tanto na Câmara de Vereadores como na Câmara Estadual e na Câmara Federal. O processo da paz no Oriente Médio está passando por dificuldades e nós não podemos continuar essa caminhada sem o apoio e sem a solidariedade de todos os povos do mundo, de todos os níveis, para que possamos alcançar a paz, porque é pela bandeira da paz que estamos lutando até o momento.

Desde a posse do atual Primeiro-Ministro israelense Netanyahu que o processo da paz está passando por enormes dificuldades, inclusive no cenário político internacional. E este é um momento muito decisivo para as questões palestinas. Precisamos da solidariedade e do apoio político, que estamos pedindo abertamente, mais do que nunca.

Há poucos dias foi realizado um congresso do Partido dos Trabalhadores do Estado de Israel, onde se decidiu, através de um decreto do Partido, uma nova política, um novo rumo na vida do Partido dos Trabalhadores, no trabalho. Num parágrafo muito importante, surpreendente para nós, eles concordam e apoiam a autodeterminação do povo palestino e a criação de um Estado Palestino. Isto é muito benéfico para nós.

Essa nova posição necessita de um apoio internacional, pois, como esse Partido não está no Governo agora, é preciso uma política de sustentação, um apoio para poder se realizar. Essa posição é muito heróica, nós valorizamos muito. É uma coisa de alto valor neste processo, que necessita de apoio também. Não somente nós, mas essa parte da sociedade israelense, em nível político, necessita do mesmo apoio que estamos pedindo. Como também ao próprio atual Governo de Israel tem que vir manifestações internacionais sobre a linha da política que está adotando, inclusive está tentando romper o processo de conversação entre as delegações da OLP e o próprio Governo Israelense.

Nós, palestinos, estamos insistindo, com toda a garra, nesse processo de paz. Em momento algum permitiremos que caia porque é uma oportunidade que surgiu desde décadas de guerras e derramamento de sangue. Nós precisamos desse apoio e precisamos de uma manifestação de todos os órgãos públicos brasileiros e outros também, em nível mundial, no caso, para poder pressionar o próprio Governo de Israel a parar de construir casas e etc. nos territórios palestinos ocupados.

 Não podemos, em momento algum, sonhar com a paz onde há pátrias e territórios ocupados. Portanto, a nossa caminhada é difícil, a nossa caminhada é muito sensível neste momento, sem as pressões internacionais e o respeito aos direitos humanos, apesar das diversas condenações da família internacional, que é  Organização das Nações Unidas. Portanto, insistimos na paz, carregando essa bandeira com maior garra, até chegar, realmente, à autodeterminação sonhada por todos nós, porque a paz não pertence somente aos palestinos. A paz, entre palestinos e judeus, significa a paz para todos nós.

 Meus companheiros, meus caros Vereadores, no momento em que nós precisamos investir para a paz, o próprio Governo de Israel investiu na construção do nosso território ocupado. Nesses tipos de atividades, queremos a pressão internacional, e temos a convicção e a certeza que não deixa de ser um fato semelhante também, que queremos uma vida mais digna e mais social. Eu também, como brasileiro, tenho direito de penetrar um pouco nessa  área porque faz parte de nosso convívio. A luta do nosso povo é uma luta conjunta, de bem-estar melhor. A paz é de autodeterminação a nível internacional de povos oprimidos.

 Meu caro Presidente, quero agradecer a V.Exa.; caros companheiros Vereadores, queremos agradecer esta bela oportunidade, essa calorosa recepção ao nosso Embaixador. Sempre contamos com isso e agora, mais do que nunca, no momento mais delicado e difícil, eu digo com a maior sinceridade, porque é uma questão da humanidade inteira, não é somente nossa, porque, no momento em que a paz se realiza, se concretiza naquela região, acreditem, companheiros, meus irmãos, que a paz também se dará a todos nós, e todos os Senhores são grandes sabedores da história daquela região. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

                                                                                                                                    

O SR. PRESIDENTE: Mais uma vez, agradecemos imensamente a presença do nosso amigo Adilo Hadi, que está trazendo até nós o Embaixador Musa Amer Odeh, Chefe da Delegação Palestina no Brasil, dizendo que é muito importante, que nossa Câmara se sente orgulhosa, como já foi dito pelo Ver. Adeli Sell, pelo Ver. João Dib, Ver. Fernando Záchia, Ver. Elói Guimarães. Certamente, todos os Vereadores desejam que realmente a paz aconteça concretamente lá, na Palestina, e certamente nós sempre estaremos aqui dispostos a colaborar nesse sentido. Nós somos um país, somos Vereadores inseridos num país que respeita e considera que deva ser respeitada a autodeterminação dos povos, a sua independência e o direito de ter o seu país, o seu lugar que, no fundo, no fundo, é o seu lar. Muito obrigado.

                                                                                                                                        

O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Sr. Presidente, gostaria de encaminhar à Mesa, após ouvir V. Exa., as Lideranças e as Bancadas, que a Câmara de Vereadores, honrada pelo convite e pela visita dos representantes palestinos, manifeste numa Moção de Solidariedade, ou noutra forma que a Mesa entenda melhor, a solidariedade do Parlamento Municipal às questões que trouxeram o Embaixador, que são as lutas pela paz.

 

O SR. PRESIDENTE: Seguramente, a proposta de V. Exa. está contida no discurso que nós todos estamos fazendo aqui, mas a transformaremos num documento que será enviado a V. Exa., na Embaixada, através dos nossos cônsules. Muito obrigado.

Estão suspensos os trabalhos.                                                                                       

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h29min.)

                                                                                                                                    

O SR. PRESIDENTE (às 14h36min): Estão reabertos os trabalhos. Agora, após a ilustre visita do Embaixador Musa Amer Odeh, da Palestina, receberemos, conforme havia sido acordado, o Sr. Secretário Municipal do Planejamento, acompanhado de suas assessoras, Sras. Clarice Copetti e Marilu Maraschin. Convidamos o Sr. Secretário para fazer parte da Mesa. O Sr. Secretário trará informações quanto ao não-cumprimento do artigo 23 da Lei Complementar nº 43/79, no processo de aprovação do chamado "Projeto Hermes", do Bairro Três Figueiras, nos termos do Requerimento nº 113/97, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, Processo 1607/97.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, antes de ouvirmos o Sr. Secretário, gostaria de pedir um minuto de silêncio pelo falecimento do ex-Deputado Plínio Dutra, que pertenceu ao MDB. O referido ex-parlamentar é tio do Frederico, nosso colega da Câmara.

 

O SR. PRESIDENTE: Atendemos ao Requerimento do Ver. Elói Guimarães e nos manifestamos em nome da  Casa com pesar enorme, que será enviado à família  do Sr. Plínio Dutra, que é de Palmeira das Missões.

 

(É feito um minuto de silêncio.)

 

Fazemos questão de convidar a Arquiteta Marilu Maraschin e a Economista Clarice Copetti para que façam parte da Mesa, uma vez que estão com os materiais de esclarecimento do assunto.

Passamos a palavra ao Sr. Secretário Newton Burmeister.

 

O SR. NEWTON BURMEISTER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,  Senhoras e Senhores,  é com muita satisfação que volto a esta Casa para, novamente, dar conta de alguns aspectos relativos à organização da Cidade,  atribuídos à Secretaria do Planejamento e do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, e àquelas situações que estão em debate, hoje, relativamente a esta organização da Cidade, o uso do solo.

 Eu desejaria, antes de entrar na pergunta específica da convocação do nobre Ver. Cláudio Sebenelo, de dar conta a este Plenário do Projeto do contexto urbano e das referências que estão aí sendo feitas a esse tipo de situação. Desejaria colocar-me integralmente à disposição neste evento, como no evento da própria Secretaria do Planejamento, como uma estrutura do Governo para as informações complementares que forem necessárias.

 

(Explanação do painel.)

 

Então, na proximidade do Bairro Três Figueiras, estando localizado neste bairro o "Shopping" Iguatemi, cabe esclarecer, sob o ponto de vista de algumas informações, que esta área do "Shopping" Iguatemi é praticamente o centro geométrico do tecido urbano de Porto Alegre, é o ponto mais central, eqüidistante da Cidade consolidada, considerando toda a estrutura urbana da Cidade. É uma área de renovação e de complementação urbana e que tem se modificado expressivamente nesses últimos 15 anos através dos equipamentos que aqui têm aportado. A legislação municipal identificou em várias regiões da Cidade áreas urbanas de ocupação prioritária, que é a legislação do Imposto Progressivo no Tempo. E  no Bairro Três Figueiras esta é uma das áreas identificadas como  tal e que têm, por parte dos empreendedores, a necessidade de, em prazos, cumprirem formalidades de utilização da área. Este empreendimento começou em 1995, com as suas várias fases de tramitação, que estão constituídas em processo específico e que dão conta das necessidades das tramitações e das situações que foram ali desenvolvidas no sentido de que ela fosse ocupada. Foi aprovado, no dia 30 de dezembro do ano passado, o Projeto chamado Hermes, que tem por objeto a utilização desta área com as seguintes propostas: residencial, distribuída em três torres, com 27 mil metros quadrados - os números são aproximados -; áreas comerciais, num total de 34 mil metros quadrados; um centro de convivência com três mil, 440 metros quadrados; um edifício comercial com nove mil metros quadrados; estacionamentos e um hotel, em um total de oito mil, 162 metros quadrados. Esse Projeto constitui-se em um conjunto de atividades residenciais e comerciais envolvidas pelas possibilidades da região e que foram aprovadas pela Secretaria Municipal do Planejamento e suas instâncias e no Conselho Municipal do Plano Diretor.

Objetivamente, entrando no assunto a que se refere o convite que foi feito ao Secretário para  comparecer a esta Casa: por que não foi atendido o que diz o art. 23 da Lei Complementar nº 43/79, no processo de aprovação do chamado Projeto Hermes, no Bairro Três Figueiras? O art. 23 diz, em seu texto, o seguinte:

 “As associações de moradores das unidades territoriais de planejamento, desde que reconhecidas pelo Executivo, deverão ser consultadas sobre: 1) Processos administrativos que tenham por objeto a instalação dos seguintes equipamentos urbanos  no território das unidades territoriais de planejamento dos seus associados: praças, parques e áreas de recreação, escolas, supermercados, hortomercados, centros comerciais, depósitos e postos de revenda de gás liquefeito de petróleo, postos de abastecimento e de lavagem de veículos, garagens comerciais, cemitérios, terminais e itinerários de transporte coletivo; 2) Processos administrativos relativos a loteamentos no território das unidades territoriais de planejamento dos seus associados; 3) Abate de florestas, bosques, árvores e arbustos. Parágrafo único:  a consulta a que se refere este  artigo deverá ser respondida dentro de 20 dias”.

Na vigência do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, desde 1979, nas diversas UTPs existentes no Município e naquelas que tiveram a situação da incidência de qualquer um desses tipos de programas ou projetos, elas foram contempladas e respondidas através do Conselho Municipal do Plano Diretor com as suas  representações comunitárias que ali têm assento. A Cidade está dividida em quatro regiões comunitárias e cada uma possui um representante. Por ali têm tramitado todos os projetos que necessitam da apreciação do Conselho Municipal do Plano Diretor.

Nestes 18 anos de vigência do Conselho do Plano Diretor e do Plano Diretor do Desenvolvimento Urbano, da Lei nº 43/79, essas situações sempre foram abordadas e resolvidas no âmbito do Conselho, dando conta de que, excepcionalmente, nas situações de demanda da comunidade ou de identificação por parte dos conselheiros representantes da comunidade no âmbito do Conselho Municipal do Plano Diretor, sempre que entendiam que haveria uma necessidade de uma consulta comunitária, tomavam essa iniciativa e faziam, a partir de suas ligações e relações comunitárias, esse processo de consulta, especialmente - foi a maior parte das situações ocorridas - aquelas que envolveram postos de abastecimento - gasolina, postos de lavagem -, essas polarizações de interesse. Quanto a cemitérios, não há condições, porque no próprio texto do Plano Diretor essas áreas estão localizadas em áreas extensivas e não em áreas intensivas.

O procedimento que nós temos tido é a participação - não só no atual Governo, mas em todos os Governos anteriores - e essas situações sempre foram abordadas e resolvidas a partir do Conselho Municipal do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, através das representações ali existentes: as representações institucionais da Prefeitura Municipal, as representações das associações de classe ou categoria, que são o Instituto de Arquitetos do Brasil, Ordem dos Advogados do Brasil, Associação Rio-Grandense de Imprensa, Sociedade de Agronomia, Sociedade de Engenharia, e mais as representações existentes neste Conselho do Plano Diretor, que são comunitárias e em número de quatro. Eu queria, por fim, utilizar uma situação que temos aqui, através de um mapa, para dar conta da proposta que foi analisada sob a égide do art. 84. 

 

(Passa a mostrar o mapa com explicações específicas. )

 

Então, temos aqui um demonstrativo no sentido de darmos conta de que a situação da construção em altura não quer dizer, necessariamente, desqualificação dos potenciais existentes na Cidade, que eram aqueles de características ambientais ou quaisquer outros daí decorrentes. Acho que esta situação é importante. Tivemos oportunidade de, com muita satisfação, ler um trabalho feito pela colega Dione Schneider Reichmann, arquiteta urbanista, que faz uma série de considerações a respeito da problemática urbana e ambiental do Bairro Três Figueiras. Reputamos como um trabalho importante, especialmente quando ele emerge das preocupações da comunidade e das características associativas no sentido de interpretarem e embasarem os seus argumentos. Entretanto, entendemos que poderemos ter informações complementares mais esclarecedoras a respeito daquilo que foi abordado pelo documento, uma vez que existem ali algumas interpretações que precisam desse ajuste. De qualquer maneira, estamos aqui trazendo essas informações da forma como têm-se dado o procedimento e a rotina no âmbito do Executivo, da Secretaria de Planejamento  no estudo de viabilidade urbanística e no encaminhamento, porque existem aquelas nossas atribuições enquanto ordenadoras do uso do solo urbano. No momento em que a Cidade, especialmente aquela região, sofre uma série de acréscimos em decorrência dos equipamentos e da ocupação de áreas outrora disponíveis para o crescimento urbano, queremos trazer aqui a preocupação procedente tanto do Executivo como das associações de moradores dessas regiões no sentido de manter a questão da qualidade de vida. Nenhum procedimento foi feito neste processo que não tivesse esse objetivo de alcançar a melhor condição de observação dos espaços e do interesse público. Cabe salientar que essa área não é uma área institucional. Esta área que está sendo objeto do Projeto é uma área de propriedade privada que tem potencial e regimes urbanísticos configurados pelo Plano Diretor e que  geram, evidentemente, uma expectativa  pela sua  disponibilidade enquanto ainda vazio urbano, mas ela não pode deixar de cumprir sua função social de ser ocupada e de ser disponibilizada como equipamento da Cidade em função da economicidade daí decorrente nos processos de desenvolvimento urbano. Era isso. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Tem a palavra o requerente, Ver. Cláudio Sebenelo.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, solicito a permissão para ocupar esta tribuna em que estou pela quantidade de papel que tenho espalhado na mesa.

 

O SR. PRESIDENTE:  Não tem problema, Vereador.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Obrigado. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ilustres visitantes aqui presentes, especialmente Sr. Secretário Newton Burmeister e assessoria, arquitetas  Marilu Maraschin e Clarice Copetti. Inicialmente, quero agradecer pessoalmente ao Sr. Secretário e sua assessoria por terem atendido ao nosso convite de comparecerem à Câmara Municipal e registrar também a maneira como fui recebido, assim como algumas pessoas que estavam comigo, da comunidade e da assessoria, quando da visita feita à Secretaria do Planejamento, onde fui recebido com toda fineza e fidalguia pelo Dr. Jorge Branco e outras pessoas que nos receberam lá, que não posso citar  por esquecimento, mas não por falta de registro da importância do trabalho que eles lá exercem.

Todos os Srs. Vereadores, ao ouvirem o depoimento do Sr. Secretário, puderam observar que está claramente tipificado que o art. 23 do Plano Diretor de Porto Alegre não está sendo cumprido. O art. 23 diz "as associações de moradores", e o Secretário, com clareza, com transparência e honestidade, diz que esse preceito é cumprido, entre aspas, através do envio ao Conselho Municipal do Plano Diretor, que nada tem a ver com a associação de moradores até porque a associação é localizada e o Conselho Municipal é uma coisa mais generalizada, em outra instância. Então, a instância - no sentido de hierarquia, mais baixa - da associação de moradores nada tem a ver, no meu entendimento, com o Conselho Municipal do Plano Diretor.

Por outro lado, nós vemos claramente - e está provado - que no art. 243, por exemplo, "o Município incentivará e promoverá a implantação de uso de fontes alternativas aos derivados de petróleo no transporte coletivo"; art. 244: "consideram-se de preservação permanente", isto é, que devem ser permanentemente preservadas, "as nascentes e as faixas marginais de proteção de águas superficiais; a cobertura vegetal que contribui para a resistência das encostas à erosão e aos deslizamentos; as áreas que abrigam exemplares raros, ameaçados de extinção ou insuficientemente conhecidos da flora e da fauna, bem como aquelas que servem de local de pouso, abrigo ou reprodução de espécies migratórias", isto é, as microflorestas urbanas; "as áreas assim declaradas por lei às margens do Guaíba, as ilhas do Delta do Jacuí pertencentes ao Município". Estas seis áreas são de preservação permanente. Nas áreas de preservação permanente, no seu parágrafo único, “não serão permitidas atividades que, de qualquer forma, contribuam para descaracterizar ou prejudicar seus atributos e funções essenciais”, quer dizer, a essência da função não pode ser descaracterizada. 

Eu gostaria de reproduzir um estudo feito. A Associação dos Moradores e seus representantes realizaram visita ao local onde será implantado o Projeto Hermes, área que sofrerá grande impacto ambiental.  Na oportunidade, constatou-se a existência de nascentes e faixas marginais de proteção de águas superficiais, conforme item 1 do art. 244, cobertura vegetal que contribui para resistência das encostas à erosão e aos deslizamentos, áreas que servem de abrigo e reprodução de espécies migratórias, inclusive com árvores de até 15 metros de altura. Naquela árvore encontram-se facilmente os seguintes pássaros: João de Barro, Fim-fim, Viuvinha, Sabiá, Papa-ovo, Pica-pau, Azulão, Carruíra, Gavião, Rabo de Palha, Saracura, Beija-flor, Tico-tico, Bem-te-vi e outros, conforme depoimentos anexos.

Quando for área de preservação permanente, conforme a Lei, é obrigatória, inclusive, a comunicação à associação do bairro e à Câmara do Município para aprovação do projeto. É indispensável, já que causa grande impacto ambiental, além de que é obrigatório encaminhar à Câmara Municipal para aprovação toda vez que for construído hotel, ou hospital, assim chamado de atividade poluidora - art. 244 da Lei Orgânica do Município. E essa Lei está acima, como lei, de qualquer  decisão do Plano Diretor, isto é, o Plano Diretor deve se ater em uma lei maior, que é a Lei Orgânica do Município. Por outro lado, no trabalho feito pela arquiteta Dione Schneider Reichmann, são colocadas algumas perguntas relacionadas com o regime de construção desses equipamentos - a ausência de necessidade de redimensionamento da infra-estrutura urbana de rede viária, dos transportes ou dos equipamentos existentes ou projetados. Serão feitos na Rua 1º de Janeiro, que termina em "cul-de-sac", ou seja, em fundo de saco, aproximadamente com uma pista de rolamento de 8,5 metros e uma largura total de 12 metros. Esta ruela vai dar acesso ao hospital e às cinco torres residenciais. Deve haver alguma coisa errada nisso, porque é incompatível com qualquer tipo de idéia viária a permanência da Rua 1º de Janeiro como entrada e saída para este tipo de acesso.

Fica claramente caracterizado que não há redimensionamento da rede de acesso, inclusive viária. Fica  caracterizado perfeitamente o impacto ao meio ambiente, por ser área de preservação, o não-cumprimento da Lei, inclusive, com toda a lisura, como o Secretário colocou. Mandar para a Comissão Municipal do Plano Diretor não é consultar as associações, está bem claro isso. E fica ainda para ser discutido o encaminhamento - e quero dar ênfase -, conforme a LOM, deste tipo de edificação, deste tipo de projeto para apreciação da  Câmara Municipal, coisa que não foi feita. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, meu caro Secretário e assessores, sempre digo neste Plenário que lei deve ser clara, precisa, concisa e respeitada. O Projeto em tela está causando intranqüilidade para todos os lados, tanto para o empreendedor como para os moradores do entorno. A minha Bancada, que tem o Ver. Pedro Américo Leal, o Ver. João Carlos Nedel e eu, tem como Suplente o Ver. Alberto Moesch, que assumiu na semana que passou e colocou uma questão que eu gostaria de ver respondida e que passa a ser posição da Bancada. É o art. 237, também da Lei Orgânica, que é a lei maior do Município, que diz: “A implantação de distritos ou pólos industriais” - não é o caso - “e empreendimentos de alto potencial poluente” - até  vou deixar fora o hospital e o ‘shopping’ - “bem como de quaisquer obras de grande porte” - e não posso deixar de dizer que é uma obra de grande porte - “que possam causar dano à vida ou alterar significativa ou irreversivelmente o ambiente, dependerá de autorização do órgão ambiental, da aprovação da Câmara Municipal e de concordância da população, manifestada por plebiscito convocado na forma da lei”.

 Esta é  a colocação da minha Bancada, que vê dificuldades em aceitar a solução que não foi discutida como deveria ter sido. Talvez, se fosse discutida convenientemente, as condições fossem outras. Entendemos que o art. 237 da Lei Orgânica não foi cumprido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, gostaria de alguns esclarecimentos. Sr. Secretário, saudamos a sua assessoria, que aqui comparece a convite desta Casa. Essa área, onde o Projeto foi aprovado, é daquelas que se encontram sujeitas a IPTU progressivo. Mas, inicialmente, uma observação: a Câmara, infelizmente, num mau momento abriu mão de prerrogativas suas e deferiu ao Executivo, por lei, e ao Conselho Municipal do Plano Diretor fazer algumas adaptações e alterações do regime urbanístico sem que estas passassem aqui por esta Casa. Eu acho que, talvez, essa seja a causa maior de todos os problemas que nesse momento estamos  enfrentando, aqui, em relação ao Projeto no âmbito da Prefeitura. Gostaria, em primeiro lugar, de fazer a observação de que, no momento em que estamos discutindo o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e que ele está próximo a retornar a esta Casa, tenho uma posição de que a Câmara de Vereadores deve recuperar as suas prerrogativas de que ela, anteriormente, abriu mão. A grande parte dos problemas é decorrente de fatos, de situações oriundas da abertura dessa prerrogativa. Gostaria de, em primeiro lugar, saber se, especificamente, V.Exa. referiu de que todos os estudos que envolvem o regime urbanístico da área foram feitos, especificamente em relação à questão do meio ambiente, tendo em vista que se previa a derrubada de árvores, se isso foi contemplado especificamente pelo órgão responsável, que é a Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Igual, quais as considerações do DMAE e do DEP  em relação à implantação deste Projeto e das repercussões e da implantação de um projeto dessa envergadura em relação à capacidade de suportar que tem a rede pluvial e cloacal da região. Igual com relação à manifestação da Secretaria Municipal dos Transportes quanto à estrutura viária da área.  Gostaria de saber, também, com relação a se existem outros projetos aprovados nessa área.

A Câmara tem obtido posicionamentos, trazidos a esta Casa pela comunidade, sobretudo pelo Ver. Cláudio Sebenelo. Nós indagaríamos se, nesse momento, após a aprovação, é possível, com a participação desta Casa, da Secretaria do Planejamento e de seus órgãos técnicos, junto com a comunidade, corrigir eventuais distorções objetivamente, apontadas pela comunidade.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Sr. Secretário, passamos às respostas a esse primeiro bloco.

 

O SR. NEWTON BURMEISTER: Quero dizer aos Srs. Vereadores que o que está proposto a ser executado nessa área são edifícios residenciais, edifícios de escritórios, um hotel e um hospital com 120 leitos. Todas essas funções são funções adequadas a um contexto urbano. Nenhuma delas tem uma característica, sob o meu ponto de vista, invocada na LDO que encaminhe risco de vida. Elas são funções e atividades que estão presentes na Cidade em qualquer um dos seus setores.

Antecipando a resposta à pergunta feita pelo Ver. Isaac Ainhorn, eu queria dizer que essa região próxima ao “Shopping” Iguatemi (mostra no mapa) é, praticamente, eqüidistante do núcleo do Bairro Três Figueiras. Em termos de equipamentos, nós temos todas aquelas funções construídas ali, ao lado do “Shopping” Iguatemi, que foram analisadas sob a égide do art. 84. Só não tem edifícios comerciais, hospital e hotel. Mas as funções, todas, que estão aqui (mostra no mapa)  são residenciais, ao longo deste aqui, que foram analisadas sob a égide do art. 84, e edifícios que estão construídos na borda do Country Club.  Então, as funções que estão ocorrendo e são existentes na região são todas funções com a mesma característica. O que existe neste empreendimento, além das funções residenciais e comerciais que existem ao longo  da Av. Carlos Gomes, são atividades que estão consagradas e configuradas no Plano Diretor, não tem nada de caráter excepcional.

A questão do hospital, e essa marcação (mostra o mapa) é identificadora de todos os hospitais de porte existentes na Cidade - eles são uma função, inevitavelmente, urbana. O Hospital de Pronto Socorro  está localizado dentro da maior concentração de densidade existente na Cidade. Então, estas situações que queremos colocar aqui e identificar elas estão distribuídas na Cidade da mesma forma como são possíveis de ocorrer nessa localização e nessa região.

Sobre a questão dos aspectos ambientais, foram examinados pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, que tem laudo e uma determinação sobre uma peculiaridade característica existente no terreno, que é uma ravina que dá margem a uma área não edificável. E a concentração em altura teve como objeto exatamente fazer com que não ocorresse uma disseminação horizontal desses empreendimentos na área para evitar ao máximo o corte de árvores. A gente ali identifica uma área com uma característica muito peculiar.

A Secretaria Municipal dos Transportes recebeu um estudo feito pelos empreendedores sobre a circulação, sobre os acessos e ingressos nesse conjunto. Eu penso que respondi a uma questão do Ver. João Dib, no que diz respeito ao art. 237. As funções que estão aí projetadas, nenhuma delas é de risco iminente à vida. Nós entendemos que as situações estão trabalhadas no sentido de edificações e atividades absolutamente permitidas dentro de todo o contexto urbano. Sobre uma pergunta que fez o Ver. Isaac Ainhorn, a Secretaria está à disposição para quaisquer tipos de esclarecimento, a qualquer momento, sobre este assunto. Não há motivo para não conversarmos sobre isso. Já tivemos reuniões, uma na Secretaria, outra aqui na própria Câmara, quando esteve presente o Secretário Substituto Jorge Branco, e estamos disponíveis a esclarecer e a aprofundar todas essas situações relativas a esse tipo de empreendimento. Torno a repetir: essa é uma área da Cidade que está tendo uma renovação urbana extremamente forte e intensa a partir dos equipamentos já existentes e a partir  dos equipamentos que para ali virão. O Bairro Três Figueiras tem uma peculiar característica que está mantida, sob o ponto de vista residencial, à exceção feita nessa situação: uma que está junto ao corredor da Carlos Gomes para essas edificações de caráter comercial e hotel e da edificação em altura dos cinco prédios para que não ocorresse aquilo que demonstramos na planta, se fosse ocupada aquela área.

Uma outra pergunta que foi feita é com relação à infra-estrutura  DEP - DMAE. São situações inevitavelmente necessárias de serem avaliadas quando do fornecimento da Declaração Municipal de Condições Urbanísticas para o desenvolvimento das edificações. Existe um projeto específico do DMAE, que é o de execução do recolhimento e tratamento de esgoto cloacal para toda aquela região da Cidade. O que nós não temos naquela região da Cidade é uma estrutura de coleta de esgoto cloacal com  o tratamento. Ali existe uma situação de esgoto chamado misto, que  é um tratamento primário no âmbito das residências, através de fossa séptica ou outro tipo, e, depois, o lançamento disso na rede existente.

Eu acho que uma das questões que a gente pode também identificar, que foi abordada aqui pelo Dr. Sebenelo, é com relação às áreas de preservação permanente. Essas áreas estão todas identificadas através do Plano Diretor e suas definições de designações. Essa área não é caracterizada por uma área de conservação permanente, porque ela está inserida dentro de uma área intensiva de ocupação urbana consolidada. Então, ela é muito diferente de áreas de características ambientais na cidade, nos morros e outras, conforme a determinação da Lei Orgânica do Município. Mas essa área é configurada e consagrada dentro da área intensiva de ocupação urbana, ela é uma área absolutamente envolvida pela cidade. Esses são os aspectos analisados no âmbito da cidadania, do planejamento, do estudo de viabilidade para possibilitar as ocupações e as eventuais necessidades manifestadas pelo aspecto construtivo da Cidade.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, na oportunidade saudamos o Secretário Burmeister. Eu quero fazer três perguntas ao Secretário: a primeira  delas, em face de manifestação da Tribuna Popular, é se já foram entregues cópias dos quatro processos à Associação dos Moradores. A segunda questão é se, no curso desse Projeto, a partir do EVU, houve alguma ilegalidade na sua tramitação. A terceira pergunta, tentando encaminhar uma solução e para que a discussão seja aprofundada sobre o empreendimento desse Projeto,  é se seria possível a comunidade requerer - e isso não precisaria ser uma resposta definitiva; por óbvio, haveria a necessidade de uma solicitação por escrito - o art. 103 da Lei Orgânica do Município. V. Exa. talvez tenha um tempo mínimo para dar uma lida, posteriormente, ao me responder, para que esse tema pudesse ser aprofundado. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O próximo inscrito é o Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Sr. Secretário, eu provavelmente vou depender de respostas do Sr. Secretário para continuar as minhas perguntas. Eu vou fazer uma série de perguntas e, dependendo das respostas do Sr. Secretário, eu continuarei com as outras perguntas, dentro do meu tempo. Acho que não dá para ser respondido em bloco.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Antonio Hohlfeldt, foi acertado isso por todos os Vereadores.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, não há nada no Regimento que me impeça de eu vincular as minhas perguntas às respostas dadas pelo Sr. Secretário.

 

O SR. PRESIDENTE: Então, eu vou pedir ao Sr. Secretário que responda primeiro ao Ver. Juarez Pinheiro e, depois, V. Exa. fará as perguntas, mas não é o que estava combinado.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, independente de qualquer posição que eu venha a tomar, eu acho que temos que ter um procedimento que seja igual para todos os Vereadores e que seja acertado previamente, porque, senão, em cada visita ou em cada discussão dessas terá uma regra particular para cada Vereador. Eu estou querendo apenas que a praxe e a regra previamente estabelecida sirva para todos os Vereadores. Se for essa  que o Ver. Antonio está propondo, que seja para todos, e que previamente se consultem as autoridades que vêm aqui para ver se têm a tarde inteira disponível. É só uma questão de isonomia e clareza; caso contrário, cada Vereador vai querer uma norma para si.

 

O SR. PRESIDENTE: A norma é uma: o fato de ser de um a um ou três a três ou todos no fim não há problema, isso resolvemos. O que não pode é perguntar e depois querer falar novamente. O Vereador faz todas as perguntas e não tem direito à palavra novamente.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: O Regimento diz que são cinco minutos e eu os uso como quiser, porque eu quero falar sobre as respostas do Secretário.

 

O SR. PRESIDENTE: Desculpe-me, Vereador, mas não é isso que está no Regimento.  A Mesa passa por  certos constrangimentos, pois quer achar o caminho do entendimento. Por isso, Vereador, reiteramos a V. Exa. que faça seus questionamentos para  seguirmos a regra que foi acertada para hoje.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): A minha sugestão seria a seguinte: V. Exa. definiu regras para esta visita do Secretário Newton Burmeister. Três Vereadores já se manifestaram e tiveram as suas perguntas respondidas e, a juízo de cada um, satisfatórias ou não. Então, se fôssemos retomar, até poderia ter sentido a preocupação do Ver. Antonio Hohlfeldt, mas daí deveríamos também reabrir aos Vereadores que já se manifestaram no primeiro bloco a possibilidade de retomar a palavra e fazer questionamentos sobre o tema tratado ao Sr. Secretário.

 

O SR. PRESIDENTE: Está resolvido, Sr. Vereador. Peço ao Ver. Antonio que se manifeste.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Não tenho nada a perguntar, não serei prejudicado.

 

O SR.  CLÁUDIO SEBENELO: Peço a palavra para ceder o tempo ao Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. PRESIDENTE: Não pode, o senhor já falou. Não podemos começar com casuísmos aqui.

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Gostaríamos de cumprimentar o Secretário Newton Burmeister e sua assessoria. E questionando: essa área é de aproximadamente 55 mil metros quadrados. Durante a sua exposição, o Senhor falou que é uma área intensiva de ocupação urbana. Não nos deparamos a respeito de área de lazer e desporto. Gostaríamos de saber onde estão contemplados esses segmentos para essa comunidade, caso esse Projeto venha a ser aprovado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Algumas questões que eu gostaria de abordar, de certa forma, já foram abordadas. Essa área é prevista pelo Plano Diretor. Ela prevê a construção desses equipamentos que fazem parte do Projeto. Parece a mim que o proprietário dessa área poderia, aos poucos, ir edificando essa área, o que possivelmente daria uma concentração maior do que o Projeto que está se prevendo. Tenho essa desconfiança e gostaria de um comentário de V. Sa.  

Pergunto também, embora, de certa forma, já tenha sido falado, se houve uma avaliação muito determinada e criteriosa dos órgãos municipais envolvidos - DMAE, DEP, SMAM e SMT.

Pergunto também se, no Projeto original, aconteceram algumas modificações a partir de exigências da Prefeitura e da Secretaria do Planejamento, porque é inadmissível que uma região como essa, uma área desse tamanho, permaneça sem ser utilizada devidamente, com os cuidados evidentes de agredir o mínimo possível as árvores existentes no local, preservar o que existe de recurso hídrico. Não conheço a área, mas  já foi citado aqui. No momento em que nós queremos mais investimentos na Cidade, queremos mais moradia, mais equipamentos para todos, não podemos aceitar, de forma alguma, que uma área desse porte, nesse local da Cidade, permaneça intocada. A Cidade de hoje não é a mesma  de 20 anos atrás. O que diz o Plano Diretor para essa área? Na verdade, o Plano Diretor permite edificação. Não é suficiente ter árvores em um terreno para que seja considerada de preservação ambiental. Esse é um critério, um conceito muito mais amplo, muito maior do que ter algumas árvores e, evidentemente, temos que trabalhar para não atacá-las. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Secretário.

                                                                                

O SR. NEWTON BURMEISTER: Respondendo ao Ver. Juarez Pinheiro: as cópias dos processos foram repassadas à comunidade  na 6ª feira, às 11h. Não houve nenhuma ilegalidade na tramitação desse processo, porque se tal situação, eventualmente, tivesse qualquer característica, o Secretário faria a intervenção imediata. É um costume que trabalhos desse porte e características sejam analisados por um conjunto de técnicos que buscam todas as informações relativas nos diversos setores da Prefeitura para que eles possam ser contemplados naquilo que diga respeito a sua total legalidade e viabilidade.

Sob o ponto de vista do art. 103, do direito de informação, não sei se o assunto é enquadrado em audiência pública. Haveria necessidade de termos uma análise, sob o ponto de vista jurídico, um pouco mais aprofundada. Mas independente de existir  ou não audiência pública, reitero que a Secretaria e as secretarias envolvidas estão disponíveis aos interessados para as informações necessárias. Não há como identificar isso.

Quanto à pergunta do Ver. Carlos Garcia  sobre se existem áreas de lazer nesse conjunto: não necessariamente. O que a legislação prevê é que se estabeleçam  20% dessas áreas como disponibilidade. Então, existe uma praça com 10 mil metros quadrados nesse local para atender a esse tipo de necessidade.

Ver. Guilherme Barbosa, quero reiterar que todos os procedimentos junto aos departamentos e secretarias envolvidos nesse processo foram trabalhados, buscadas as informações e as melhores condições para a intervenção na área. Houve uma manifestação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente através de laudo e de análise específica, dando conta da menor intervenção possível na área. A característica de trabalhar a edificação e altura  é uma dessas situações. Quanto aos recursos hídricos, há uma manutenção do talvegue existente com 15 metros para cada lado. São 30 metros de largura, uma faixa que praticamente envolve toda a extensão da área, além da praça existente. Há uma distribuição de equipamentos capaz de fazer a suficiência a essa informação. O índice de aproveitamento existente e a densidade da área permanece a mesma. Houve alteração da característica do regime de altura, neste processo, para poder viabilizar a edificação em altura, diferente daquela situação que poderia ser preconizada como uma utilização extensiva da área.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Anamaria Negroni está com a palavra.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, Sr. Secretário, Senhoras e Senhores. Eu não posso concordar com o que foi colocado pelo Ver. Guilherme Barbosa, pois, numa tentativa de defender a obra, ele está passando por cima da nossa legislação maior, que é a Lei Orgânica. O nosso art. 244 é muito claro nesse sentido.  Com relação a essa área, ela está, realmente, protegida pelo art. 244. Então, nós perguntaríamos ao ilustre Secretário: por que não foi feito o Relatório de Impacto Ambiental numa obra tão grande como essa, que comporta 108 mil metros quadrados? Perguntaríamos se este hospital não apresenta risco de vida, porque, pelo que se sabe, situa-se em zona residencial, unifamiliar e a construção de hospitais e hotéis sempre é analisada. Nós não podemos esquecer o episódio de Goiânia, onde nós tivemos aquele problema sério com relação ao césio, à cápsula de césio etc. Acho que não podemos esquecer desses episódios acontecidos em nosso País. E, se essa área é uma área de preservação ambiental - e nós temos como clara esta situação -, nós solicitamos, se não foi feito, o porquê; e já que não foi feito, sem a interferência da Prefeitura, exigimos que seja feito um estudo do impacto ambiental nesta área, antes da aprovação deste Projeto. Muito grata.

(Não revisto pela oradora.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini está com a palavra.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores e Sr. Secretário, trata-se de contemplarmos o direito sagrado de informação daquela comunidade, e é isso que o Secretário está expondo, dando-nos a possibilidade de questionar e fazer perguntas. E o direito à informação é um direito de todos, e em todos os níveis. O Sr. Secretário nos fez uma exposição das características técnicas do Projeto, da região. Quero fazer algumas perguntas ao Secretário, com outros indicadores, porque essas informações, essas perguntas que faremos interessam tanto aos moradores do Bairro Três Figueiras como a toda a Cidade.

Primeiro: o Secretário falou sobre o vazio urbano que era aquela área; depreendemos que estava dentro do Plano do IPTU Progressivo. Queremos saber se está no primeiro ou segundo lote e qual seria o gravame que teria.

Segundo: se o Secretário e sua equipe sabem do valor do investimento que será feito pelos empreendedores na área. Esse investimento trará que contribuição do IPTU ao Município de Porto Alegre? Qual é o montante? O Secretário comentou que três torres são de áreas  comerciais e que teria mais um hotel. Quantos empregos serão criados nessas áreas comerciais? Há uma estimativa, por parte do Governo, de contribuições nessa área de comércio quanto ao ISSQN? Quantos empregos diretos e indiretos serão movimentados em cima desse Projeto? Há, no impacto da implantação desse Projeto, cobrança do empreendedor a contribuições sociais nessas áreas dessa região de investimentos em infra-estrutura? Qual o valor?

 A próxima pergunta parece que perpassa todo o debate, pois poderiam ser desenvolvidos dois tipos de projetos para atender o índice de ocupação e a densidade. Qual projeto desgasta mais o meio ambiente, se fizéssemos, nessa área, residências unifamiliares ou esse tipo de projeto? Sabemos que há um impacto diferenciado nesses dois tipos de projetos. Queremos saber qual dos dois projetos preserva mais a área.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Retornamos a chamar o Ver. Antonio Hohlfeldt pois ainda há uma vaga.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Apenas queria reiterar um pedido  de um princípio isonômico  a todos. De todos aqueles dez Vereadores que se manifestaram, se um desses Vereadores inscritos tivesse alguma questão teria um minuto para retomar  algum esclarecimento, porque acho da maior importância para a Casa, para a comunidade e para o próprio Secretário. É uma sugestão isonômica: um minuto para todos os que quisessem dispor desse minuto para algum esclarecimento suplementar. Como é fundamental o esclarecimento da Casa em relação a essa matéria, apelo para a sensibilidade de V. Exa., que é um experto na matéria, para que faça esse reexame regimental.

 

O SR. PRESIDENTE: Continuamos achando que haveria uma mudança no Regimento. Entretanto, a Mesa vai consultar todas as Lideranças se concordam com essa mudança.

(As Lideranças são consultadas e todas concordam.)

 

O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: As minhas perguntas são bem objetivas, Sr. Presidente, Sr. Secretário, por isso que eu dependeria das respostas para complementá-las. Vou fazer a primeira parte e vou aguardar o próximo minuto. Qual foi, objetivamente, o parecer da SMAM sobre o Projeto? Eu gostaria de ter cópia do mesmo. Qual foi, objetivamente, a posição da SMT sobre o EVU? Eu gostaria de ter cópia. O hospital a ser construído terá  caráter de Pronto de Socorro? Eu gostaria de ter a base disso, já que o Secretário me sugeriu, na colocação anterior, que ele atenderia um trabalho desse tipo. Qual o período total de tramitação do Projeto desde o seu início, na Secretaria ou na Prefeitura, como um todo, até a sua aprovação? As demais perguntas farei posteriormente, no outro minuto, se houver.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Secretário.

 

O SR. NEWTON BURMEISTER: Vou tentar responder na seqüência as perguntas feitas. Não sei se aquilo que é suscitado pela Vera. Anamaria Negroni, considerando a característica do empreendimento, se é o caso de ter Relatório de Impacto Ambiental, nesses casos. Como já disse, são equipamentos normais da Cidade. Não é nenhum tipo de equipamento de caráter excepcional. Ele tem uma concentração construtiva que dá esta característica e temos ali, no entorno, junto ao “Shopping” Iguatemi, uma quantidade de edificações que foram executadas e estão dentro dos padrões urbanísticos e características e não há uma necessidade de estudo de impacto ambiental.

Nós temos, por exemplo, nos fundos do Hospital Conceição, um Plano 100, que tem, aproximadamente, dezoito torres, que é uma utilização de equipamento que está previsto na estrutura urbana. Então, a questão do impacto ambiental é dada pela característica extremamente diferenciada de um equipamento em função daquilo que ele possa ser gerador em termos de impacto ou incômodo. Não entendemos que seja o caso.

O hospital é um equipamento que se distribui pela cidade e podemos identificar aqui, em vermelho, todos os hospitais que existem nesta região da Cidade. (Mostra os detalhes em vermelho no mapa.) Ele é um equipamento polarizador na cidade, fortemente polarizador, dependendo do seu tamanho. O Hospital Moinhos de Vento, por exemplo, tem, aproximadamente, 40 mil metros quadrados. O Hospital de Clínicas tem mais de cem mil metros quadrados. Esse equipamento tem, aproximadamente, sete mil e quinhentos  metros quadrados, cento e vinte leitos. Ele não tem função  e eu não falei em Pronto Socorro. Eu disse que, próximo ao Pronto Socorro,  há uma situação urbana,  mas não falei que o equipamento seria de Pronto Socorro. Não há características desse tipo. Cabe recordar que a questão do lastimável acidente  nuclear  em Goiânia não se deu num hospital. Deu-se pela manipulação inadequada de um cidadão recolhedor de ferro velho que resolveu romper, no seu local de trabalho, uma cápsula de césio; conseguiu fazê-lo e ficou extasiado com a luz azulada que dali emergia. Podemos perceber que foi uma situação de muito despreparo e de inadequada inconveniência de trato com esse tipo de equipamento. O que pode ser considerado é por que ficou este equipamento na clínica; essa é outra situação. Se nós transitarmos por esse caminho, vamos ver que há um cinturão de equipamentos hospitalares na Cidade,  de diversos tamanhos, tipos e finalidades, desde o  Hospital de Olhos ao Hospital de Traumatologia,  o Hospital da ULBRA, o Hospital Militar, o Hospital Lazarotto, todos eles com dimensões e equipamentos semelhantes. Bem próximo daí está o Hospital Conceição, que é  uma significativa e extrema polarização na região e que influi não só no bairro propriamente dito, mas em todo aquele contexto. É esse tipo de conflito no qual nós intervimos no sentido de minimizá-lo e adequá-lo; essas são as situações nas quais intervimos na Cidade.

 O Ver. Hélio Corbellini faz uma pergunta sobre se esse vazio  urbano é do primeiro lote das notificações. Sim, ele é do primeiro lote das notificações e já correm os prazos relativos às iniciativas do proprietário no sentido de disponibilizar a área para a exposição. Os valores de investimento eu não os tenho no momento. Não sei os valores que vão ser feitos, mas pode se fazer uma análise e  trazer essas intervenções  e esses potenciais e, a partir daquilo que se tem como elementos e dados na Secretaria do Planejamento, podemos mandar aos Vereadores e à Câmara a repercussão disto, quantos empregos e qual o valor agregado de outros benefícios, de IPTU etc.

  Quanto ao "comércio", entre aspas, não as edificações para escritórios ou consultórios que venham a existir, mas o que é dito como comércio aí é um centro de conveniências de pequeno porte e não chega a se caracterizar como sendo uma expressiva área comercial. Em termos de sistema viário, o empreendedor terá a seu encargo cerca de um milhão de dólares, mais a área da praça, que se localiza  em um hectare, 10 mil metros quadrados.

 Temos, Ver. Antonio Hohlfeldt, no corpo do Projeto, e vou providenciar para chegar às mãos de V. Exa., todos os pareceres relativos às análises setoriais, tanto da Secretaria do Meio Ambiente, como da Secretaria Municipal dos Transportes e outras. O tempo de tramitação desse processo na Secretaria Municipal do Planejamento foi de dois anos: iniciou em 23 de janeiro de 1995 e foi aprovado em  30 de dezembro de 1996 o estudo de viabilidade urbanística.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Tem a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Sr. Secretário, no art. 237, o Secretario responde que não vê nada que possa causar dano à vida humana, mas o artigo vai mais longe: "ou alterar significativa ou irreversivelmente o ambiente". E a fauna será alterada irreversivelmente.

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cláudio Sebenelo.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: O Sr. Secretário afirmou que esse episódio de Goiânia, por exemplo, aconteceu fora. Não, toda a atividade hospitalar desenvolve radiação ionizante, e, segundo a Lei Orgânica, é indispensável o Relatório de Impacto Ambiental, principalmente porque o lixo nuclear tem que ter uma acomodação e tem efeitos na periferia do hospital. Eu quero reafirmar o que disse o Ver. João Dib a respeito do risco de vida e ressaltar que essa alteração profunda do meio ambiente é caracterizada até pelo próprio processo, que diz que 23% do Projeto pertencem à área de preservação permanente. Então, aquela área que é de uso, ao mesmo tempo é de preservação permanente. Parece-me que para a Secretaria a coisa está absolutamente legal: houve consulta à comunidade, não há impacto ambiental e a parte viária está perfeita. Isso é um absurdo.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Anamaria Negroni tem a palavra.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: O que eu tenho a colocar, Sr. Presidente, é que não só o art. 244 da nossa Carta Magna está sendo desrespeitado, como também os artigos 235, 236, 237, até o 244. Todos os artigos estão sendo desrespeitados com relação a esse Projeto. Por exemplo, no art. 235: "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo, preservá-lo e restaurá-lo, cabendo a todos exigir do Poder Público a adoção de medidas nesse sentido. "Parágrafo 1º - O Município desenvolverá  ações permanentes de planejamento, proteção, restauração e fiscalização do meio ambiente". Inciso 1 -  elaborar o plano diretor de proteção ambiental.". Inciso V - "proteger a flora, a fauna e a paisagem natural".  E assim por diante, como reservas ecológicas municipais, que são patrimônio público inalienável. É só olhar na Lei Orgânica e ver quantos artigos são desrespeitados. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver  Antonio Hohlfeldt está com a palavra.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Secretário, ficarei no aguardo das cópias dos pareceres, principalmente da SMAM e da SMT. Perguntar-lhe-ia se  existe uma previsão de remanejamento, de reordenação do trânsito local e se estão previstas novas linhas de ônibus e táxi-lotação para essa região com a  implantação desse Projeto. E gostaria de lembrar que, quando presidia a Câmara de Vereadores, pedia a sua participação, como Secretário de Planejamento, na revisão da área exatamente em frente ao Hospital Conceição, prevendo a inauguração daqueles prédios, como de fato se deu, depois, sem que houvesse nenhuma previsão de remanejamento de trânsito ou de sinalização que, depois, foram feitas, graças às suas providências. Então, minha preocupação é nesse sentido: se já está previsto remanejamento de trânsito local e novas linhas de ônibus e táxi-lotação, o que, certamente, vai ser exigido, pois nem todos moradores daquele local terão automóvel para uso particular. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Secretário, eu também gostaria, a exemplo do Ver. Antonio Hohlfeldt, de receber cópias desses pareceres. Cumprimento a Secretaria  de Planejamento pelo processo que está levando adiante, neste Projeto, pois acho que a Cidade vai ganhar com este investimento realizado. Mas também queria registrar uma certa surpresa de que qualquer área tem que ser preservada. Não poderemos, segundo algumas afirmações, construir mais nada em nossa Cidade  porque sabemos que qualquer construção dá impacto.  Quero, também, registrar minha surpresa por ver um médico ser contra à construção de um hospital. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Hélio Corbellini.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: Gostaria de reiterar um questionamento: de acordo com a tipologia dos projetos, o ambiente é mais ou menos agredido ou mais ou menos preservado. Se fosse unifamiliar, qual seria a relação? Gostaria de que respondesse. Solicitaria também que a Secretaria do Planejamento encaminhasse a todos os Vereadores as informações que consideramos extremamente importantes, já que, quando esta Casa aprovou o IPTU progressivo, nós queríamos, na verdade, trazer investimentos para a Cidade e este é um dos primeiros resultados, que eu conheço, pelo menos em Porto Alegre,  que coloca os vazios urbanos dentro de sua função social.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Carlos Garcia.

 

O SR. CARLOS GARCIA: A minha pergunta é relativa àquele meu primeiro questionamento, porque não me senti contemplado  no tocante à área de lazer e desporto. O Secretário foi muito vago: disse que tem uma área de dez mil metros quadrados.  Volto a enfatizar a pergunta: dentro desses dez mil metros quadrados, o que será contemplado para a área de desporto, especificamente?

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O  Sr. Secretário Newton Burmeister está com a palavra.

 

 

O SR. NEWTON BURMEISTER:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, creio que foi muito importante termos tido a oportunidade de poder cotejar essas diversas visões e apreensões sobre a Cidade. Inevitavelmente e invariavelmente, a Cidade é um ambiente modificado, está em permanente modificação. Quero pegar o próprio bairro que está sendo hoje objeto de uma preocupação, inseri-lo num contexto urbano e me reportar para a Porto Alegre de 1960, quando a hoje 3ª Perimetral era caracterizada como uma via periférica da Cidade. O extremo leste de Porto Alegre, em 1960 - portanto, há 37 anos -, era uma área absolutamente limite, a leste da Cidade. Todas as situações que ocorriam dali para o leste, para a Cidade eram ou incipientes ou recém - iniciadas em termos de utilização. Naquela época, um pouco antes, em 1958, existia ali, no hoje Colégio Farroupilha, a sede da Chácara do Sr. Lauro Müller, onde tive a oportunidade de, com meus pais, passar o domingo nas Três Figueiras. Era uma área, absolutamente, de lazer, distante das necessidades caracterizadas como de ocupação intensiva. Trinta e sete anos depois, essa é uma área hoje densamente ocupada e cada vez mais ocupada, à exceção do núcleo do Bairro Três Figueiras, que se caracterizou pela utilização de residências unifamiliares. Há 13 anos, surgiu, ali, um equipamento - o “Shopping” Iguatemi -, que foi um alterador significativo das relações urbanas que existiam, trazendo, como todo o equipamento urbano traz, benefícios e conflitos. A questão é: como minimizar os conflitos gerados pela ocupação e  como trabalhar para reduzir esses impactos de tal maneira que eles supram a necessidade de desenvolvimento e não compliquem as condições de vida ali estabelecidas?

A área em questão foi um remanescente causado pelas características que o terreno possuía: ele não pôde ter a continuidade do seu traçado viário completado, porque ele tinha um corpo hídrico no seu interior. Por isso, essa área é, ainda hoje, vazia. A ocupação tradicional de terrenos e lotes não poderia ser feita ali, porque há um talvegue acentuado no meio do terreno, que está sendo preservado. Nós fizemos um exercício na Secretaria: 140 casas ocupariam, praticamente, todo o terreno, deixando preservadas, exclusivamente, as condições do talvegue. Elas são substituídas por cinco projeções de torres, preservando a vegetação e o corpo hídrico existentes. Esses movimentos são feitos  para que as condições de utilização do terreno se façam com o menor impacto. Evidentemente, nenhuma das situações deixa de causar algum impacto. As pessoas que moram no bairro há muitos anos perceberam a modificação sistemática de crescimento do bairro por meio da utilização dos terrenos existentes. A peculiaridade do bairro é que ele é ondulado e exige, para cada intervenção, escavações muito vigorosas, a não ser na parte lá embaixo, próxima da Nilo Peçanha, na parte da Teixeira Mendes, que é a parte mais baixa. Precisamos identificar algumas coisas que existem no bairro e compreender as modificações que ali existiram. A Teixeira Mendes é aquela rua que dá acesso à Protásio Alves, que era o antigo "Caminho das Águas" - hoje ainda se identifica como tal.

 Então, essas modificações paulatinas da estrutura urbana ocorrem. É isso que uma Secretaria de Planejamento promove: articular e fazer com que os impactos urbanos do desenvolvimento e da ocupação urbana se façam da menor forma. Agora, essa área, que está sofrendo todo um tipo de gravame por se caracterizar como vazio urbano, tem contingenciamentos próprios de utilização que só poderão ser feitos a partir de um projeto de característica especial. Não estamos fazendo uma análise só desse Projeto, estamos fazendo análises de vários tipos de empreendimentos na Cidade, cada um com um tipo de repercussão e um tipo de reflexo. Então, temos que estabelecer esses níveis.

 

(São mostrados "slides" do local em discussão.)

 

Esta região da Cidade é extremamente privilegiada. Vejam aquela área verde identificada ali - é o Country Club. Existe isso só aqui, não existe em outra área.  A área aos fundos do Iguatemi é o chamado Parque Germânia, decorrência de todo o empreendimento de parcelamento que houve por parte das Máquinas Condor, proprietária da área, que teve que deixar como  parcela de interesse para a Cidade aquela outra área.

 Então, temos, contíguas, duas situações. Uma, lastimavelmente, restrita em termos de uso, que é o Country Club, e uma outra que será uma área de parque para a utilização de toda a região. Ela não está dentro do Bairro Três Figueiras, mas está no entorno do bairro. A relação urbana está na fronteira do bairro para fora. Então, essas condições que foram identificadas e questionadas são importantes de destacar. Num terreno urbano comum daquela região, a ocupação, por parte da edificação unifamiliar, é na ordem de 66%, 2/3 do terreno pode ser ocupado por construção. No caso existente, essa ocupação é de aproximadamente 25%. Há uma modificação substancial, sob o ponto de vista da ocupação, entre a edificação de altura e a edificação unifamiliar. Eu penso que respondi a pergunta do Hélio. Toda a questão do estudo de viabilidade urbanística existente tem o pressuposto das análises setoriais. A questão ambiental, a questão das infra-estruturas são compatibilizadas com o tipo de demanda gerada.

Respondendo ao Ver. Antonio Hohlfeldt sobre a sua pergunta, a questão do trânsito sempre é um processo de identificação de origem, destino e provimento dessas situações de necessidades de novas linhas e de novas situações de mobilidade urbana.

 O Ver. Carlos Garcia pergunta qual o equipamento que vai existir ali. Existe uma área de um hectare para onde está prevista uma praça. O Projeto, por enquanto, deixa reservada uma área e não prevê nenhuma situação específica de equipamentos - se vai ter cancha ou não. A questão sobre a qual o Dr. Sebenelo fala, das radiações ionizantes decorrentes dos equipamentos hospitalares: é a Secretaria do Estado que coordena todo esse processo de instalação e equipamentos dessa ordem e tem lá a sua condição específica de trabalho sobre o ponto de vista das qualidades e condições hospitalares que devem ter. O Município não tem, sob o ponto de vista de localização de hospital, nenhum tipo de menção específica na legislação. O hospital é um objeto, um equipamento que pode ser estudado e identificado nas repercussões e nas relações que ele consegue constituir e estabelecer.

 Os aspectos que foram suscitados pela Vera. Anamaria Negroni são gerais da Lei Orgânica do Município e prendem-se a aspectos que o Plano Diretor preconiza, que são a identificação no Município das áreas de preservação ambiental, tidas como características em termos de extensão, localização, características e interesse público. Não é o caso dessa área. Ela não é identificada como uma área de preservação ambiental. Ela é identificada como área intensiva de ocupação urbana que tem precauções para ocupação no sentido de preservar aquilo que já está programado e preservado no Projeto existente, que é o corpo hídrico, a construção em altura e a viabilização de maior extensão de áreas verdes a serem utilizadas. Agora, não se pode imaginar que se faça uma intervenção urbana numa área desse tipo sem nenhum tipo de reflexo. Agora, os reflexos são aqueles minimizados a partir da análise dos diversos setores da Prefeitura.

Na legislação de ocupação das áreas especiais de interesse social, as áreas urbanas de ocupação prioritárias, elas são dadas a partir de um coeficiente de até 50% de ocupação, que são os aspectos variados dessas situações urbanas. Cada caso vamos analisar e dependendo do tipo de empreendimento. Torno a repetir: se não houvesse aquele talvegue existente na área, hoje ela já estaria, provavelmente, toda ocupada e com uma característica diversificada daquela que hoje identificamos como um potencial de ocupação na área.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência está encaminhando para o encerramento dessa questão colocada a pedido do Requerimento do Ver. Cláudio Sebenelo. Quer dizer ao Sr. Secretário que ele nos deu uma verdadeira aula de paciência e de conhecimento de causa. Quer agradecer a sua presença, assim como das Assessoras Marilu Maraschin, Arquiteta, e a Economista Clarice Copetti, entendendo, inclusive, que esses esclarecimentos acabam com muitas dúvidas que estavam gerando alguma polêmica. Queríamos também agradecer a presença dos moradores e  interessados nesse assunto do Bairro Três Figueiras, e a Câmara continuará aberta para questionamentos que forem ainda considerados necessários nesse assunto. Nós não temos limites para esclarecer a população, desde que sejamos solicitados. Muito obrigado.

Nós queremos ter a satisfação de registrar a presença neste Plenário do sempre Vereador, ex-Presidente desta Casa, Dilamar Machado, que muito nos honra com sua presença.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h35min.)

                                                     

O SR. PRESIDENTE (às 16h38min): Estão reabertos os trabalhos. Há sobre a mesa Requerimento, da Vera. Maria do Rosário, solicitando licença para tratamento de saúde nos dias  20 e 21 de maio. Também apregôo, para conhecimento dos Srs. Vereadores, um ofício do Sr. Prefeito Municipal comunicando que deverá se ausentar do Município às 9h30min do dia 20 de maio de 1997, devendo retornar no final da noite do mesmo dia. Na oportunidade viajará a Brasília, onde participará de uma audiência pública na Câmara de Deputados, da Comissão Especial destinada a apreciar a proposta de emenda à Constituição sobre o Fundo de Estabilização Fiscal. Estará assumindo o Executivo neste  período o Vice-Prefeito José Fortunati. Esclarece ainda que o deslocamento é com ônus para o Município.

A Mesa ainda informa que hoje às 18h expira o prazo para as emendas populares para o Projeto do Plano Plurianual. O Plano Plurianual recebeu apenas uma emenda de caráter popular hoje, à tarde, que foi trazido por três entidades, outras representações e mais 390 assinaturas. Por dois aspectos estão cobertos pelo Regimento. Pela primeira entidade assina Elisabeth Pacheco Raimundo, pela segunda a Sra. Haidée Venzon. Pela terceira entidade assina Noraci Bezerra de Oliveira. Uma quarta entidade está com a assinatura ilegível - o Sr. De La Torre... E ainda o Conselheiro Tutelar José Carlos de Moraes, da Delegacia de Assistência Social de Saúde do Orçamento Participativo; Sra. Stelamaris Tinoco, do Conselho Municipal de Assistência Social, mais 392 assinaturas. O Projeto de Emenda é que seja acrescida às diretrizes do Governo, na área de assistência social, a criação de um programa municipal de garantia de renda mínima em Porto Alegre.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA (Requerimento): Requeiro que entrássemos, logo após as manifestações de Liderança, na Ordem do Dia, já que a Sessão está atrasada.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt em tempo de Liderança.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em que pese a alta sabedoria e competência do Sr. Secretário do Planejamento Municipal Dr. Newton Burmeister, a sua equipe e as contratadas lá fora, isso não tem impedido que S. Exa. cometa gafes e equívocos nos encaminhamentos, sobretudo naqueles feitos através da proposta do II PDDUA a esta Casa e, posteriormente, retirado por decisão, extremamente oportuna, do Prefeito Raul Pont e do Vice-Prefeito Fortunati, que andaram bem avisados de fazer esse movimento. Quem diz isso, talvez não com as mesmas palavras, mas a conclusão é a mesma, são os companheiros do DEP, DMAE, DMLU e SMAM, motivo pelo qual eu pedi cópia do parecer da SMAM.

 Sobre este Projeto Hermes, o que tem ocorrido ultimamente é que, em todas as questões de planejamento urbano, sempre que a SMAM dá um parecer condicionando ser favorável a uma troca, a uma permuta, a uma compensação, a Prefeitura, e muito especialmente a SPM, diz que sim para terem o aval da SMAM, mas, depois, esquecem de incluir no projeto aquilo que a SMAM condicionou. Eu posso dar aqui dezenas de exemplos, porque são dezenas  de projetos que estão tramitando, nesta Casa, de venda ou permuta de áreas, boa parte das quais áreas verdes ou terrenos destinados a praças que foram desafetados pela Prefeitura Municipal e vendidos aos invasores vizinhos, porque essa tem sido normalmente  a linha - e o Ver. João Dib deve lembrar  das nossas discussões na CEFOR, no ano passado -, a tendência dos projetos que chegam a esta Casa. O morador é vizinho de uma área verde, invade essa área, constrói sobre ela, lucra com ela ao longo de décadas e, depois, ganha um prêmio, podendo comprar  essa área, sem licitação, com a desculpa da Prefeitura de que ninguém mais terá interesse sobre a área, porque essa, isoladamente, é apenas uma nesga.

Eu arrisco dizer que o parecer da SMAM sobre o Projeto Hermes é contrário e condiciona uma série de coisas que a Prefeitura diz que faz para colher o voto, mas depois esquece de fazer. É por isso que estou pedindo cópia do parecer da SMAM. Mas, enquanto isso, quero recomendar a leitura deste documento assinado pela SMAM,  DMLU,  DMAE e pelo DEP, que confirmam todas aquelas questões que, no ano passado, este Vereador, em primeiro lugar, levantou, nos primeiros debates sobre a proposta do Plano Diretor, e que, posteriormente, a Comissão Especial de Técnicos, criada por esta Casa para assessorar as Bancadas, ao elaborar aquele documento final, confirmava. Por exemplo, a questão  da volumetria e dos dispositivos de controle das edificações em que realmente reconhecem os órgãos integrantes da administração, mas que foram voto vencido - foram tratorados pela decisão da SPM  e dos seus contratados portenhos -, de que as modificações introduzidas representam uma ruptura profunda com os padrões urbanos e desoneram a propriedade privada da sua função social e oneram a coletividade. Quem diz isso não sou eu, é gente da Administração Pública e Secretários e Diretores ligados ao Partido dos Trabalhadores. Dizem, por exemplo, que precisa manter-se a proposta de recuos laterais e não as modificações propostas. Dizem, portanto, na conclusão, que, no seu conjunto, as propostas de volumetria e dispositivos de controle das edificações ainda necessitam provar que são compatíveis com o interesse público e social, propondo, em conseqüência, de que deveria se manter a redação da Lei 43/79 ao invés de se modificar.

O tempo não permite, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que eu complemente o levantamento das questões dos pontos 2, 3 e 4 do documento que tenho em mãos.  Mas, no próximo tempo que tiver hoje ou nas próximas Sessões, eu vou retornar a este documento, porque ele apenas confirma a seriedade, a objetividade e a propriedade com que nós levantamos o debate no ano passado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Nós apregoamos o recebimento de uma Mensagem Retificativa ao PLE nº 009/97 - Processo nº 1069/97.

O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação  de Liderança pelo PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,  hoje eu estou muito triste, não estou nada conciliador. Tenho aqui, nas mãos, um jornal que havia um monte de exemplares atirados na Portaria, “Jornal Agora”, da Prefeitura de Porto Alegre, 50 mil exemplares, que diz uma série de propagandas que não correspondem à realidade.

Por exemplo, um banco de crédito da praça... Deve ser meu patrício o  Adriano Mussi - ele fala que conseguiu um empréstimo de 450 reais, quando ele precisava de cinco mil, e elogia intensamente o PT porque era 4.5% ao mês. Ele não sabe que  este banco  foi criado para dar  empréstimo de 1.5 a 2% ao mês e que 4.5% não era a sua finalidade. "A Central de Marcações de  Consulta já aponta resultados positivos" - não é o que ouço por aí. "Investimento em Porto Alegre não está isento de compromisso social"- a Ornero que o diga, o “Shopping” Cristal que o diga. "Coordenação de Direitos Humanos: novo desafio pela luta da igualdade", o "Orçamento Participativo estimula organização da comunidade", " Seu Hervê comprou casa e ganhou parque para cuidar", "Reforma de prédios e calçadas revitaliza o Centro da Cidade". E por que não mudar nos mesmos padrões o pavimento da Praça Montevidéu, que precisa ser trocado. Por que não? É uma pergunta que deixo para a Prefeitura. "A arte cosmopolita: Buenos Aires traça a integração com Porto Alegre", "Plano Diretor vai respeitar diferenças dos bairros". Mas, Sr. Embaixador, o que realmente me deixa triste  é que acredito muito em uma pessoa que dirige o DMAE, Dr. Dieter Wartchow, e agora o meu amigo, colega, porque também fui diretor do DMAE , publica um terço de página dizendo que "a estiagem prolongada  já provoca o desabastecimento de água em boa parte do Estado. Porto Alegre, graças às prioridades definidas pelo  Orçamento Participativo"... E aí eu fiquei  profundamente  triste. Porto Alegre não vai ter falta de água por causa do Orçamento Participativo. É safadeza dizer uma coisa dessas. Porto Alegre não vai ter falta d'água porque teve diretores no DMAE e porque hoje não está acontecendo o que aconteceu em 68 e 89. Isso  aqui é safadeza dito pelo meu grande amigo Dieter Wartchow. Eu não posso aceitar que aquele moço saiba que isso foi escrito. Isso me revolta profundamente. Porto Alegre não vai ter falta d'água porque tem o rio Guaíba. Em 68  o nível dele foi mais baixo do que está hoje e não faltou água. Nós abrimos a tomada d'água porque não era possível para o Menino Deus. Mas em 75 cuidamos que tivesse sempre água de sobra em Porto Alegre. E parece que o DMAE tenha inventado a solução para Porto Alegre. Não! Foi em 75, quando se criou o processo para duplicar e aumentar a capacidade de tratamento das diferentes estações, e não pelo Orçamento Participativo! Nada de Orçamento Participativo! E até em 89, quando o nível do rio esteve mais baixo do que hoje, eu me preocupei com o Diretor do DMAE, que anunciou que iria fazer racionamento de água, e aqui, neste Plenário, um arrozeiro, e  estava presente  o Dr. Dieter, representando o DMAE - não era o Diretor - o arrozeiro disse para o DMAE: "Ora, mas é tão simples, quando baixa o nível no açude, o arrozeiro baixa a tomada d'água". E foi anunciado nos jornais de 89 - leia-se nos jornais da Cidade - que haveria racionamento porque o "coitadinho" do rio Guaíba não tinha água para fornecer para a Cidade. Então, eu fico triste que a pessoa a quem prezo, admiro, acho competente, tenha permitido que esta mentira fosse aqui colocada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum):  Srs. Vereadores, queremos apregoar mais uma licença do Prefeito Raul Pont, que viaja no dia 22, às 7h30min, à Cidade do Rio de Janeiro, devendo retornar no final da tarde do mesmo dia. Nesta oportunidade estará participando como painelista do Fórum Nacional sobre Gestão  das Grandes  Cidades.

Colocamos em votação o Requerimento de autoria do Ver. Nereu D'Ávila.

 

O SR. LAURO HAGEMANN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria de ponderar à Casa que o pedido do Ver. Nereu D'Ávila é possível, é pertinente, é legal, mas vai causar um pequeno problema com relação ao calendário do Plano Plurianual. Está previsto para amanhã a remessa desse Projeto, já esgotadas as Sessões de Pauta, para a Comissão de Finanças. Se não for cumprida a Pauta hoje, vai atrasar, pelo menos, dois dias essa remessa. Eu pondero que a Casa tem uma responsabilidade com os orçamentos, a começar pelo Plurianual, depois o Projeto das Diretrizes Orçamentárias e, depois, o próprio Orçamento, nesta seqüência.

 

O SR. PRESIDENTE: É regimental, foi colocado em Requerimento pelo Ver. Nereu D'Ávila. Não temos alternativa a não ser colocar à apreciação do Plenário. A Diretoria Legislativa nos orienta: não há prejuízo, apenas quanto ao calendário, mencionado pelo nobre Vereador.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sem querer dialogar com a Mesa, eu apenas coloquei a minha preocupação. Não estou preconizando nenhuma medida extraordinária, a não ser  que quem queira vote contra.

 

O SR. PRESIDENTE: Recebemos a sua colocação.

Em votação o Requerimento do Ver. Nereu D'Ávila para que passemos imediatamente à Ordem do Dia e, posteriormente, à Pauta Especial e Pauta normal. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra o voto do Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Esclarecimento): Gostaria que a Mesa me esclarecesse, com referência ao Processo nº 1242/97, Pedido de Informações nº 67/97, sobre a publicação das músicas dos sem-terra. Quando vence o prazo  de resposta?

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): A Mesa, o mais rápido  possível, no seu dever legal e regimental, procurará responder a V. Exa.  A Mesa só indaga se o Pedido de Informações é de autoria de V.Exa.?

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Não, é do Ver. Pedro Américo Leal.

 

O SR. PRESIDENTE: Perfeitamente. A Presidência queria mais este dado para  se certificar e lhe responderá o mais breve possível, Vereador.

Como Vereador, recebi um pacote contendo algumas obras da Secretaria de Cultura,  dentre elas, essa obra por igual.

Havendo quórum, passamos à

 

 

<D><MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=257 mm><E><D><D>ORDEM   DO DIA

 

 

Registramos a presença do Deputado Estadual Eliseu Santos, da Bancada do PTB, que visita, mais uma vez, esta Casa.

Convidamos o Ver. Elói Guimarães para assumir os trabalhos da Comissão de Justiça, que estará agora em Reunião Conjunta das Comissões Permanentes.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 17h04min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 17h10min): Estão reabertos os trabalhos.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2973/96 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 029/96, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que concede ao pianista João Antônio Peixoto Primo o Prêmio Artístico "Lupicínio Rodrigues".

 

Pareceres               

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. Eliseu Sabino: pela aprovação do Projeto

 

Observações:

- adiada a discussão por duas Sessões.

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento, de autoria do Ver. Luiz Braz, solicitando o adiamento da discussão do PR nº 029/96 por duas Sessões.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Requerimentos encaminhados à Mesa.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento, de autoria do Ver. Gerson Almeida, que  requer seja considerado em regime de urgência e submetido a reunião conjunta das Comissões Permanentes o  PLCE nº 02/97.

 

O SR. PRESIDENTE:  Em votação. (Pausa.) Não há encaminhamentos. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

(Manifestações das tribunas.)

 

Srs. Vereadores, a Mesa perguntou  se havia encaminhamentos e ninguém  se manifestou. Foi votado e é caso encerrado.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, tenho certeza de que os Vereadores, todos, que estão conversando aqui não escutaram  a proposição de V. Exa.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, a Mesa vai providenciar uma votação nominal para corrigir qualquer tipo de problema. Apenas foi feito conforme manda o Regimento. Houve problema de audição. Mas a Mesa faz uma verificação de votação.  Por favor, Sr. Secretário, chame os votos. (Após a chamada.) APROVADO,  por  19 votos SIM, 09 votos NÃO.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, há na Casa um Requerimento anterior a este pedindo que se vote através de uma Comissão Especial; é anterior - portanto, deveria ter sido votado antes. Não foi votado e me parece que há alguma dificuldade. De qualquer forma, estou pedindo recurso à Comissão de Constituição e Justiça e pedirei renovação de votação. É muito anterior o outro Requerimento, pelo menos de 15 dias antes.

 

O SR. PRESIDENTE:  Ver. João Dib, ele não veio ao Plenário porque foi encaminhado às Comissões Permanentes, conforme deveria ter sido feito. Mas isso não impede que seja pedido regime de urgência.

 

O SR. JOÃO DIB: Eu pedirei recurso à Comissão de Constituição e Justiça para que esta analise se poderia ser votado este expediente, quando havia um outro Requerimento no mesmo sentido, tratando do mesmo processo. E outra coisa é que, na próxima quarta-feira, pedirei renovação de votação.

 

O SR. PRESIDENTE: É um direito que lhe cabe. V. Exa. vai requerer por escrito?

 

O SR. JOÃO DIB: Exatamente.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa aguardará o Requerimento. E o recurso V.Exa. encaminhe-o, por favor.

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes da Ata.)

 

Passamos ao período de

 

 

PAUTA ESPECIAL

 

 

6ª SESSÃO

 

PROC. 1490/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 018/97, que dispõe sobre o Plano Plurianual para o quadriênio de 1998/2001 e dá outras providências.

 

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Adeli Sell está com a palavra em período de Pauta Especial.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, entramos, lamentavelmente, já no final desta tarde, numa discussão que considero extremamente importante - o Plurianual -, na medida em que esse debate nos dá plenas condições  de discutirmos inúmeras questões acerca de nossa Cidade.                                              

Na sexta-feira, tive a oportunidade de discutir, aqui, algumas questões atinentes ao processo de produção, indústria, comércio e, particularmente, à área rural, agrícola de Porto Alegre. E lendo mais atentamente essa parte do Plurianual, me dei conta de que há algumas lacunas e pretendo apresentar emendas. Parece-me que  à  parte que trata das feiras, em Porto Alegre, teríamos que dar maior destaque. Dou ênfase especial à Feira da Cidade Antiga, que aparece subsumida numa série de denominações de feiras e atividades da nossa Cidade. Quero insistir nesse ponto porque freqüentemente tenho estado em contato com a Feira da Cidade Antiga e verifico que é necessária - como cheguei a dizer ao Secretário da Indústria e Comércio - uma ampla divulgação desta e de todas as feiras da Cidade. Pretendo colocar uma emenda que dê destaque para as feiras de forma diferenciada, e não como está colocado, em conjunto, porque acredito que aquela feira é um exemplo para a Cidade de Porto Alegre. Infelizmente, num determinado período, ela chegou a decair, pelo menos nos aspectos de expositores e de pessoas que vão visitá-la. Quero chamar a atenção dos Senhores e das Senhoras para que não deixem de prestigiar essa importante feira que acontece todos os sábados, a partir das 11 horas da manhã, uma feira gastronômica, com comidas típicas de vários países e também daqui, da nossa Cidade, como, por exemplo, o famoso peixe na taquara, oriundo das nossas ilhas. Vou dar um destaque especial a esse ponto, no que tange à questão da  Secretaria Municipal de Indústria e Comércio. Quero, também, fazer uma emenda que trate de um incentivo, de uma contribuição do Poder Público Municipal à Praça da Alfândega, em especial aos artesãos. Estamos verificando que os nossos artesãos estão em situação bastante difícil, porque os locais para os expositores não são os mais adequados. Precisamos incentivar a sua produção artesanal, o seu trabalho e, também, dar condições àqueles trabalhadores que enfrentam sol, intempéries, na Praça da Alfândega.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho muito importante a sua intervenção em favor das feiras. Pergunto ao ilustre Vereador se o Brique da Redenção é importante para o Município.

 

O SR. ADELI SELL: O Brique da Redenção é extremamente importante. Se V. Exa. passou ontem no Brique, deve ter percebido a multidão que lá estava e que, freqüentemente, procura aquele já tradicional local. Pelo que eu sei, V.Exa. já teve a oportunidade de conversar sobre esse assunto com o Secretário Municipal de Indústria e Comércio. Espero que as conversações a respeito do seu projeto tenham prosperado, porque acredito que contenham elementos importantes, mas também acredito que, em todos os momentos, devemos ver todos os lados dessa questão e tenho certeza de que V.Exa. tem essa visão também.

Há outro aspecto que eu gostaria de tratar no Plurianual, que é da Secretaria Municipal de Esportes. Aprovamos um projeto do Ver. Paulo Brum, que trata de um aspecto que diz que a Secretaria irá promover eventos esportivos para pessoas portadoras de deficiências em conjunto com entidades representativas. Foi nessa linha que aprovamos o Projeto. Colocado dessa maneira, Ver. Paulo Brum, a Prefeitura Municipal e V.Exa. têm todas as condições de dialogar com especialistas e pessoas que sabem desse problema com a Secretaria Municipal de Esportes. Também diz em outro item que vai procurar e desafiar entidades e pessoas portadoras de deficiências na realização de eventos esportivos e recreativos com a Secretaria Municipal de Esportes. Então, a Secretaria está desafiando e tenho certeza de que V.Exa. vai comprar esse desafio, trabalhando no sentido de desenvolver esse lado extremamente importante da construção da verdadeira cidadania. Vou fazer uma emenda, nesse aspecto, sobre esporte e lazer em nossa Cidade, acerca de uma política de incentivo à obstrução de ruas e espaços para que, no final de semana, não tenham trânsito. Nós sabemos que uma coisa é durante a semana e a outra coisa é o final de semana. Não há nada, neste sentido, aqui objetivado, no Plurianual. Acho que isso é extremamente importante para esse aspecto do nosso esporte e do lazer na Cidade.

Eu também quero aproveitar este espaço para dizer que a nossa discussão acerca das questões da Cidade não devem parar, neste momento, aqui. Acredito que há aspectos do Plurianual  que poderíamos e deveríamos discutir mais pormenorizadamente nas Comissões. Eu só lamento que alguns colegas Vereadores que têm nos cobrado - e eu disse sempre, corretamente - discussões sobre os problemas da Cidade não tenham aproveitado devidamente este espaço da discussão do Plurianual para  as questões da Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Em resposta a uma solicitação verbal do Ver. João Nedel - Proc. 1242/97, Pedido de Informações 67/97, cujo ofício foi encaminhado ao Executivo no dia 18/4: prazo final de 30 dias prorrogáveis por mais 15 dias, de acordo com o art. 94, inc. VIII, da Lei Orgânica Municipal.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Esclarecimento): O primeiro prazo, de 30 dias, vence hoje então?

 

O SR. PRESIDENTE: Eu não fiz o cálculo. Possivelmente se tenha completado o prazo hoje ou ontem - não sei lhe dizer. A verdade é, que por ser prorrogável por mais 15 dias, eu fiquei tranqüilo.

Por outro lado, eu não quero afirmar definitivamente, mas há um ofício, providenciado pela Mesa por sua solicitação, reiterando a resposta. Não tenho certeza de que já tenha sido enviado, mas já estive com ele nas minhas mãos na sexta-feira. A minha memória, às vezes, me ajuda.

Agora, em homenagem ao Vereador mais atento deste Plenário, mais silencioso por respeitador e disciplinado - Ver. Pedro Américo Leal -, eu quero dar uma informação rápida. Finalmente, a empreitada para execução do projeto de sonorização já está na rua. Será aberto dia 3. Não há jeito de ser antes, mas já está configurado. Também a aquisição do equipamento fotográfico, tão requisitado pelos serviços de fotografia. Ainda a contratação do mobiliário sob medida para as salas das Comissões Permanentes também está providenciada.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Quero declarar que tem duas medidas que me interessam: o Plenário e as Comissões. Quero ver as salas povoadas com mesas em "u". Então, lhe dou os meus parabéns e todo o meu incentivo, pois V. Exa. está conseguindo levar isso a termo.

 

O SR. PRESIDENTE: Foi feito um estudo em função da sua sugestão. É o inventivo que faz as coisas andarem. Quero ainda informar ao Plenário, pois é importante informar - do contrário, pode parecer uma indelicadeza da Mesa e da Presidência: assinamos um contrato de informatização da Casa, aprovado pela Mesa,  com a PROCEMPA, um contrato em moldes invejáveis. Estamos pedindo um espaço de comparecimento da PROCEMPA e do SPD, com o Diretor-Geral da Casa, numa próxima Sessão, para que expliquem em pormenores o plano que foi contratado. É importantíssimo para que todos assumam uma posição positiva a respeito de um plano que já vem sendo gestado há muito tempo, mas que agora, finalmente, foi aprovado e assinado.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Quero cumprimentar V. Exa. pela sua ação na Presidência dessa Casa, aprimorando um setor muito importante, porque, muito embora esteja funcionando,  temos deficiências nesse setor da informatização da Casa. V.Exa., junto com a Mesa Diretora, está-se mostrando muito hábil para tratar desse assunto. Uma  das coisas que gostaria de solicitar a V.Exa é que os Vereadores também tenham possibilidade de fazer um curso rápido para poder manobrar com os sistemas da Casa.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós já conversamos com a PROCEMPA e com o Lauro, que é o nosso funcionário da Casa, para providenciar um curso especial, mas o nosso problema é de horário. Nós vamos ter de chegar a uma conclusão no dia em que eles comparecerem aqui para ver qual o melhor horário que os Vereadores poderiam ter para fazer um curso de introdução à informática, para não ficarmos devendo para muita gente jovem.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, eu quero cumprimentá-lo e à Mesa Diretora por essa iniciativa que é tão importante para a nossa Câmara Municipal e aproveitar este momento que estamos conversando sobre a nossa capacidade de infra-estrutura para dizer que, no âmbito das Comissões, nós estamos enfrentando um grave problema. Nós estamos com dificuldades nas gravações das audiências públicas que realizamos nas salas das Comissões e temos todas as outras comissões que fazemos prioritariamente no Plenário, o que sobrecarrega o Plenário da Casa e também o Setor de Taquigrafia. Ao mesmo tempo que cumprimento a Mesa Diretora, quero pedir uma atenção especial no sentido do equipamento de som para as Comissões. Se nós registrarmos, no âmbito das Comissões, as audiências, nós poderemos ter o Setor de Taquigrafia mais liberado para questões mais importantes e também espaços da Casa , como os plenários, mais liberados.

 

O SR. PRESIDENTE: A Diretora Legislativa já colocou isso nos encaminhamentos da Diretoria, que já está informatizada, assim como a Taquigrafia ainda está em fase de adaptação.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, eu também lhe cumprimento por  essa nossa conquista de remodelação da nossa área de informática. Eu queria um esclarecimento e até me permitir uma crítica. Eu fiquei sabendo desse detalhe na sua entrevista no Canal  2. Eu não tinha conhecimento disso. Eu pergunto: por que a Mesa não divulga mais esses eventos? Eles são eventos alegres, de competência e não são divulgados até entre os próprios Vereadores. Nós ficamos sabendo, através da imprensa, que no meu gabinete haverá um aparelho  novo de informática.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa esclarece que estava sobre a mesa esse assunto para ser informado e houve a retirada do quórum antes que nós tivéssemos tempo e, inclusive, prevenimos rapidamente, extra-oficialmente, para quem aqui estava, mas V.Exa., infelizmente, no momento, não estava.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, já que foi tocado no assunto do Plenário, eu quero  dizer a V.Exa. que tivemos o desprazer de ter aqui, na sexta-feira, um Secretário de Estado esperando por uma reunião que deveria ser iniciada no Plenário, às l6h30min, mas, infelizmente, a Vereadora que ocupava este Plenário anteriormente a nós não desocupou no horário marcado e nós tivemos um Secretário de Estado esperando durante meia hora, sem podermos ocupar este Plenário, tendo que nos dirigir a uma outra dependência da Casa para fazermos uma reunião com outras sessenta pessoas. Então, eu só pediria a V.Exa., que eu sei que tem sido zeloso com relação à Administração da Casa, que não permitisse que os horários fossem usurpados de forma a prejudicar outras pessoas de outros Partidos.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a minha Questão de Ordem é fundamentada no Regimento da Casa, que estabelece que, estando estabelecida a Pauta, ela tem que prosseguir. Nós interrompemos a Pauta há cerca de 20 minutos e está ocorrendo uma série de debates colaterais, até relevantes, mas que não tem a ver com a Pauta. Na minha Questão de Ordem, eu peço que seja retomada a ordem normal dos trabalhos, que é a Pauta Especial, já em tramitação, com o primeiro orador já tendo se manifestado, e têm outros inscritos aguardando essa oportunidade.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa está-se cingindo a solicitações de Questões de Ordem e não era a intenção usar tanto tempo, mas V. Exa. há de convir que o Ver. Cláudio Sebenelo levantou uma questão relevante, correta, porque se nós não falássemos hoje poderia ser pior ainda. E é um acontecimento positivo.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, já havia encerrado minha intervenção neste Plenário, mas faço questão de prestar um esclarecimento aos meus colegas, porque devo isso. A Comissão de Defesa do Consumidor e de Direitos Humanos reuniu-se extraordinariamente na última sexta-feira por deliberação de todos os Vereadores da Comissão e com o tema da questão da vigilância clandestina em Porto Alegre. Na nossa reunião tivemos presentes membros da Confederação Nacional dos Vigilantes, acerca dessa situação que tanto tem vitimado a nossa população.

Reunimo-nos a partir das 14 horas. Tínhamos a presença do representante do Secretário de Estado da Justiça, entre nós, na nossa Mesa; tínhamos a presença do representante dos trabalhadores e da Delegacia Regional do Trabalho e não me consta que na listagem da Relações Públicas desta Casa este Plenário tivesse qualquer outra agenda além daquela que a nossa Comissão promoveu. Portanto, esta Vereadora não promoveu uma reunião neste Plenário. Tratava-se de uma reunião com a presença do Ver. Fernando Záchia, do Ver. Isaac Ainhorn, Vice-Presidente desta Casa, inclusive representando a Casa neste evento, e com a presença da Vera. Tereza Franco, Vice-Presidente da Comissão, e nós não pudemos concluir, até porque não tínhamos da RP da Casa, na agenda, nenhuma outra reunião no Plenário durante essa tarde. Eu lamento se não houve uma comunicação na Casa. A nossa reunião estava agendada. Só não posso aceitar que se diga que esta Vereadora promoveu uma reunião, porque era uma reunião da Comissão da Casa que deve ter prioridade frente às reuniões e às agendas, inclusive, dos nossos partidos políticos. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência vai verificar junto ao Setor de Relações Públicas para que não aconteçam reuniões em horários simultâneos. Isso não pode acontecer em uma Casa que tem uma dinâmica muito grande. Diante do imprevisto, se cabe à Mesa a responsabilidade, desde já queremos nos desculpar e dizer que a Vera. Maria do Rosário estava presidindo uma reunião oficial. O Ver. Luiz Braz foi submetido a um erro, foi inadvertidamente colocado, mas tentaremos sanar essa situação para que ela não aconteça mais.

 

 O SR. CYRO MARTINI (Esclarecimento): Sr. Presidente, quando se tem dificuldade de compreender, para orientar-se cabe a nós perguntar. Qual a razão para essa preocupação com o Secretário de Estado? Ele seria uma pessoa singular, extraordinária, que não possa esperar alguns instantes? Eu não consigo entender. Um cidadão é um cidadão.

 

O SR. PRESIDENTE: É uma questão que esta Mesa não pode responder.

O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu esperei pacienciosamente as Questões de Ordem e declaro ao Ver. Reginaldo Pujol que serei o último Vereador a falar nesta Sessão, porque depois esgotará o tempo. Falarei sobre o Plano Plurianual, última Sessão de Pauta.

Num exame perfunctório do Plano Plurianual que está nesta Casa, pode-se chegar a vislumbrar uma  inoportunidade, um desperdício de tempo um exame de um tal Plano, mas a Cidade merece que, no final do milênio, se comece a discutir o papel da Cidade na dobrada do século, e é isso que pode dar a perceber o exame do Plano Plurianual, este que, numa visão cinematográfica,  é um roteiro pelo qual a Cidade vai transitar, nos próximos quatro anos, para que, anualmente, um projeto de diretrizes orçamentárias represente o copião do filme e o Projeto de Orçamento, que é conseqüente, o filme propriamente dito. É isso que estamos fazendo.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Plano Plurianual também cria novos órgãos? Porque vejo no Plano Plurianual o Departamento Municipal de Esgotos Pluviais. Eu não conheço esse Departamento.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Nobre Ver. João Dib, estou fazendo um exame global do  Plano Plurianual e, nessa perspectiva de se projetar a Cidade, eu até admitiria que se possam criar novos instrumentos de governo, assim como se poderão extinguir outros que venham a se tornar ineficientes, deficientes ou superados. Li atentamente o Plano Plurianual, participei, até em circunstâncias especiais, de uma discussão interna na Prefeitura com relação ao problema financeiro do Plurianual. Quero-me referir a um outro ponto que, num exame perfunctório,  não aparece com nitidez, que é a questão da ciência e tecnologia. Nós podemos ver, nas várias partes que compõem o Plano, nas várias secretarias, a permeação da ciência e tecnologia em algumas atividades  e medidas propostas, mas em meu entendimento isso não chega a ser suficiente. Está faltando uma visão mais específica, mais clara do que compete  ao Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia, por exemplo, na formulação das políticas municipais de ciência e tecnologia. E isso, infelizmente, não aparece.

Na sexta-feira, houve uma reunião da Mesa Diretora do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia com setores responsáveis do Governo, encabeçados pelo Prefeito. Nós estamos aguardando uma definição da Mesa Diretora do COMCT para, se for o caso, propor uma ou outra emenda ao Plano Plurianual nesta direção. Por quê? Está faltando um elo de ligação efetiva entre o Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia e o Conselho do Orçamento Participativo. Não está havendo a necessária ligação entre o que o Conselho pode propor e aquilo que o Conselho do Orçamento Participativo pode receber e transformar em ações concretas.

É um problema um pouco delicado para se falar nesta hora, quase no encerramento da Sessão, com o esvaziamento do Plenário, mas eu quero deixar registrada nos Anais da Casa esta preocupação. Junto com o Ver. Guilherme Barbosa, nós fomos os encaminhadores, nesta Casa, do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia,  o primeiro, neste País, que abrangeu uma Capital de Estado. E nós temos, acredito, a responsabilidade de zelar pela atividade deste Conselho. E nós queremos que Porto Alegre, no dobrar do milênio, tenha uma visão moderna, diferente daquela que tem tido até agora, da Administração Municipal. Não se trata de jogar pedras no passado, não é isso. Nós precisamos é olhar para o futuro. E o futuro aponta exatamente nesta direção. Aqui estão, neste Plano Plurianual, várias iniciativas que dizem respeito diretamente à ciência e tecnologia. Coisas importantes! Mas está faltando, no meu entendimento, esta ligação específica, que deve ser o COMCT com o Conselho do Orçamento Participativo, além de com os próprios órgãos da Prefeitura, de um modo global,  Conselho Político do Governo.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)  Ver. Lauro Hagemann, eu quero me juntar a V.Exa. nesta preocupação. Na sexta-feira, eu fiz uma referência a pontos de ciência e tecnologia relacionados ao meio rural e, depois, eu pude detectar que há uma série de iniciativas, como diz V. Exa. No entanto, falta um corpo único de trabalho específico  nessa área. Portanto, se depender do nosso apoio para que isso conste no Plurianual, tenho certeza de que estaremos com  V. Exa.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Quero dizer a V. Exa., Ver. Adeli Sell, que não estamos pretendendo atropelar o processo. Estamos aguardando um  pronunciamento do Executivo, até do Orçamento Participativo, se for o caso, para depois propor alguma emenda junto com a coletividade  deste Plenário. Não temos essa  preocupação de fazer emendas de caráter pessoal para  privilegiar este ou aquele setor. Queremos que a Prefeitura de Porto Alegre no ano 2000, e esse Plurianual vai até o ano 2001, vire o milênio com instrumentos adequados ou, pelo menos, com uma perspectiva de caminho para que essas questões sejam consideradas e possivelmente  concretizadas, o que não será fácil.

Fico por aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, embora o tempo me faculte continuar a exposição, mas tenho muito respeito pelo horário e gostaria de ver o próximo orador aqui na tribuna, mas me parece que, com a atitude que a Casa tomou, e eu havia lembrado de que não seria conveniente a troca do cronograma da Sessão, chegamos a esse impasse. Terminamos  hoje a discussão Preliminar de Pauta Especial do  Orçamento Plurianual, mas ficam dois oradores prejudicados porque esse debate que poderia ser travado teria sido travado antes, sem prejuízo para esta Casa. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Quando se fala mentiras neste Plenário, é importante que se desminta, porque quem mente em questões simples mente em questões de maior importância. Eu disse, Ver. Pedro Américo Leal, que tínhamos uma reunião marcada na sexta-feira, que foi reputada por alguns Vereadores como uma reunião menos importante. Marcada para às 16h30min, era para nós uma reunião muito importante. Isso é uma coisa muito subjetiva.

A Vera. Maria do Rosário quis desmentir este Vereador, dizendo que a reunião  não estava marcada. Tenho aqui aquilo que a Assessoria de Relações Públicas desta Casa coloca em todos os gabinetes. Posso dar a V. Exas. para que possam ver: está exatamente marcado aqui, às 16h30min, uma reunião de Bancada do PTB, Processo nº1608\97, no Plenarinho. Estava marcada. Houve o desrespeito de quem  estava ocupando o Plenário antes. O Ver. Cyro Martini quer argumentar no sentido de que por que um Secretário de Estado não pode esperar aqui meia hora, uma hora? Ora, Senhores, convenhamos: os Senhores acreditam que um Secretário de Estado tem todo o tempo do mundo para vir participar de uma reunião na Câmara de Vereadores com a nossa Bancada, ou ele tem outros compromissos? Ou deixa o seu dia só para participar daquela reunião?  Tivemos problemas e fomos prejudicados. É claro que o horário do Secretário de Estado, Ver. Cyro Martini, tem que ser respeitado, porque  ele está fazendo um trabalho dentro de uma agenda, assim como V. Exa., quando esteve no Executivo, cumpriu uma agenda e sabe dos problemas que teve, muitas vezes, para cumpri-la.  Então, o que quisemos não foi valorizar alguém acima das outras pessoas: quisemos apenas respeitar um trabalho que é feito com normalidade por  qualquer Secretário de Estado, bem como pelos Secretários do Município. Quando chega aqui um Secretário do Município, imediatamente damos prioridade, porque sabemos do trabalho e de suas funções.

 Quis vir à tribuna apenas para evitar que uma mentira pudesse proliferar. Eu vou deixar aqui para que todos os Vereadores possam ver que nós estávamos, exatamente, pedindo que fosse respeitado o Ver. Luiz Braz, e  não só ele, mas a Bancada do PTB, por uma Vereadora que se achou dona da situação.  Nós queríamos, apenas, não invadir o direito que ela tinha de ocupar o Plenário, mas isso seria até as 16h30min.  A partir desse horário, segundo o documento que tenho nas minhas mãos e que foi distribuído pela Assessoria de Relações Públicas, era a Bancada do PTB, que é formada por cinco Vereadores, que reivindicava o seu direito de ocupar espaço neste plenarinho e que, infelizmente, não teve esta possibilidade. Se nós não tivermos respeito, Ver. Pedro Américo Leal, das Bancadas e de um Vereador com outro Vereador, realmente vai ser impossível estarmos aqui convivendo e nos relacionando pelo bem da Cidade. Muito obrigado.          

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Para uma Comunicação de Liderança, está com a palavra a Vera. Maria do Rosário.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, temos muito pouco tempo para perder - portanto, o que nós temos que fazer é aproveitar o tempo em nome de nosso povo quando estamos aqui. Esta Vereadora presidiu uma reunião da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, na sexta-feira, Ver. Pedro Américo Leal, e que foi uma das maiores reuniões que já fizemos com vigilantes sobre a vigilância clandestina em Porto Alegre, sobre  pessoas que não estão capacitadas para o exercício da função, sobre a tarefa da Polícia Federal de fiscalização das empresas de vigilância. Isso tem uma grande importância em nossa Cidade, porque estamos tratando, sim, com diminuição das políticas na área social, na área de segurança, inclusive, e com o cidadão que busca apoio na iniciativa privada e que precisa que ela esteja à altura de prestar esse serviço. Nós estamos com setenta e nove denúncias da Federação dos Vigilantes sobre a ação clandestina de vigilância em Porto Alegre. São pessoas não-qualificadas, muitas vezes, responsáveis pela segurança do cidadão. Este é o tema. E eu digo, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, que no exercício da direção das nossas Comissões procuramos ser absolutamente corretos e respeitar todas as Bancadas. Tenho aqui a agenda semanal de eventos, quando coloca, no dia 16 de maio, Sessão Ordinária pela manhã e, às 14 horas, reunião da  CEDECON, pelo Processo 1497. Mas eu não quero falar disso aqui.

 Com todo o respeito que me merece o Ver. Luiz Braz  e que ainda tenho por ele, eu quero dizer a todos os Senhores que temos temas mais urgentes. E mais urgente que isso, ora, Srs. Vereadores, é o que está acontecendo  hoje no Congresso Nacional, o que está acontecendo com as instituições deste País. O Brasil vive de escândalos, e a nossa gente não se alimenta; o Brasil vive com pobreza, e a nossa gente não tem emprego; o Brasil vive alimentado pelo caos, enquanto a nossa gente sofre. Nos dias de hoje, temos mais um grande escândalo neste País, além do escândalo das privatizações, do dinheiro público que sai da CRT e faz uma linha e vai para a GM, dos recursos públicos que saem da Vale do Rio Doce e alimentam a sede de dinheiro público que tem a dívida interna deste País. Ora, Srs. Vereadores, além de tudo isso, a Nação brasileira chora pelos parlamentares que vendem o seu voto por meia dúzia de tostões; a Nação brasileira chora porque ela sofre. (Aparte anti-regimental do Ver. Pedro Américo Leal.) Quem vende? Quem compra? Que jogatina e que negociata mobilizam-se dentro do Congresso Nacional e, Srs. Vereadores, tendo como epicentro o Palácio do Planalto? Não há dúvida, para qualquer cidadão brasileiro, de que a orquestração da votação da Emenda  da Reeleição no Congresso Nacional foi dirigida de dentro do próprio Palácio do Planalto. Esta é a agenda  nacional, é sobre isso que a nossa gente quer discutir, é sobre isso que nós, Vereadores,  precisamo-nos posicionar. Porque temos um partido aqui e porque falo em nome do PT, faço questão de dizer aos Senhores de que terá  encontros zonais no próximo domingo, que está às vésperas do nosso encontro municipal, mas que é um partido com uma unidade nacional, um partido que enfrenta as suas dificuldades dentro de fóruns democráticos e que procura discutir tendo uma unidade nacional. Não temos o PT do Rio Grande do Sul, temos  o PT como uma sigla em nível nacional. Digo isso porque a conta de cada uma das nossas organizações partidárias será cobrada. Está na hora de termos todos uma cara só e defendermos e nos posicionarmos acerca das questões de forma unitária, e não escorregando. Portanto, se esta Vereadora em algum momento errou, não conseguindo concluir uma reunião que tratava sobre o  interesse público maior da nossa Cidade para ceder à Bancada do PTB a utilização desse espaço, eu me penitencio, mas que não seja colocada como responsabilidade pessoal, porque tive a honra de dirigir uma reunião com vários Vereadores interessados na matéria. Mas desculpe-me, Ver. Luiz Braz. A agenda que temos é mais importante do que aquele tempo, até porque a fala de V. Exa., sinceramente, é uma perda de tempo neste Plenário agora. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

             

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em tempo da Pauta Especial, tem a palavra o Ver. Reginaldo Pujol.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Cheguei a cogitar  da utilização do Tempo de Liderança para salientar a importância de um fato que está deixando de ocorrer aqui nesta Casa. Não sou censor de ninguém e acho que cada um exerce o seu mandato legislativo da forma, da maneira e do meio que entende adequado. Entendo que existem várias causas da debilitação do prestígio do Parlamento Brasileiro em seus três níveis perante a comunidade. É porque projetos como esse do Plano Plurianual, nesta Casa e em outras tantas, cedem diante da pressão que alguns assuntos, pela sua relevância, aparentemente exercem sobre o conjunto do Parlamento Brasileiro. É verdade, Sr. Presidente, que não raro, no propósito de se combater o que aparentemente é um mal maior, acabamos incidindo naquilo que é o pior dos males, que é o desvio da conduta que deve ser a pauta e o paradigma de todo aquele que quer se encontrar consigo mesmo e com o bem comum.

O Plano Plurianual, que hoje a Casa discute pela última vez e que dá balizamento às atividades do Município até o próximo milênio, é um documento que tem sido, ao longo do tempo, olhado como uma mera carta de intenção, já que acaba não obrigando os Executivos, da forma que era o propósito e a finalidade daqueles que conceberam um mecanismo legal que obrigasse os vários Executivos, não só em Porto Alegre como em todos os municípios do Rio Grande do Sul,  no Estado e na União, a terem metas claramente identificadas, as quais teriam de ser aprimoradas nas execuções orçamentárias que ano a ano iriam se repetir.

Aqui, no anexo ao Projeto de Lei que vamos votar, nós vemos, às páginas 46, 47 e 48, os objetivos do Plano Plurianual no que diz respeito ao esporte no Município de Porto Alegre. São vinte e duas propostas, todas elas merecedoras do maior apoio. Quem, por exemplo, iria negar apoio ao sexto objetivo do programa, que é expandir o Projeto Graxaim? O nome pode não dizer muita coisa, mas se trata de atividade de recreação para crianças em idade pré-escolar. Quem, de sã consciência, pode dizer que isso não tenha que ser um objetivo, que o Município não deva se comprometer, ao longo de um exercício orçamentário, alocando recursos os mais consistentes possíveis para, através de recreação e preparo físico das crianças, fazer programas de saúde pública? À medida que se cuida do pequeno, da sua saúde, de seus hábitos, certamente estaremos diminuindo, logo ali adiante, a necessidade de intervenção do Estado na área da saúde, que é o calcanhar de Aquiles de toda a administração brasileira. Então, o que eu gostaria, Sr. Presidente, com a responsabilidade de quem quer, a seu modo, exercer na plenitude o seu mandato, é dizer que esses objetivos aqui delineados, e que eu repito, se nos parecem uma belíssima carta de intenção do Município, precisam ser acompanhados de uma decisão política forte, capaz de garantir que esses vinte e dois objetivos, efetivamente, se realizem nesta virada de século. Não podemos acreditar que o desenvolvimento dos esportes em Porto Alegre possa ser  realizado com a pouca presença pecuniária desse segmento nos  orçamentos dos Municípios ano após ano.

Sabemos, por exemplo, que, no ano de 1997, o que está previsto para investimento na área de esporte em Porto Alegre, Ver. Pedro Américo Leal, é um total de R$ 235 mil, dos quais R$ 68 mil destinam-se à realização de projetos estabelecidos nos planos de investimentos de 1995/96 e que estranhamente não foram realizados. Não o foram por falta de recursos, porque todos sabemos que o Município de Porto Alegre teve um superávit orçamentário em 1996 na ordem de R$ 6 milhões. Sr. Presidente, evidentemente não podemos pensar em priorizar o esporte investindo 0,5% dos investimentos globais do Município e nem 0,01% do Orçamento Municipal no conjunto das atividades aqui elencadas que, certamente, se distribuídas às vinte e duas atividades pelos recursos que este Orçamento possui - R$ 235 mil -, sobrariam, para cada atividade, um pouco mais de R$ 10 mil.

 

O Sr. Adeli Sell: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Parabenizo V.Exa. por essa preocupação. Creio e concordo que este Orçamento é muito curto para a área de esporte. Perguntaria a V.Exa. se não seria importante, inclusive, pensarmos em sugestões para parcerias. Acredito que a própria iniciativa privada tem interesse na área do esporte - ela patrocina equipes profissionais. Será que não patrocinaria atividades como essa que V.Exa. destacou ou as atividades que eu destaquei, como a dos portadores de deficiência? A parceria com a iniciativa privada, com as entidades, não daria condições, inclusive, com a vontade política expressa no Plurianual, para desenvolver atividades?

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu acredito que V. Exa. tenha razão. Aliás, no Brasil, mais fortemente no Rio Grande do Sul, o esporte tem-se desenvolvido em todos os níveis, apesar do Poder Público. Aqui não é uma crítica à Administração Raul Pont. É uma crítica que endereço a todos que tiveram responsabilidades com a administração do Estado e do Município ao longo dos últimos 20 anos. Apesar da ausência do Poder Público, surgiram grandes associações esportivas que mobilizaram a comunidade, estabeleceram parcerias e construíram esses gigantes que conhecemos hoje, aqui, no esporte brasileiro, que, na área do futebol, se identificam na figura do Sport Club Internacional e do Grêmio Football Porto-alegrense. E isso ocorreu sem o menor apoio oficial, porque, em todo o território brasileiro, nas grandes capitais, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, em Fortaleza, em todos os lugares, existem grandes estádios municipais colocados à disposição das agremiações esportivas daqueles Estados para desenvolverem suas atividades, os seus potenciais. Porto Alegre - e isso não é culpa do PT e nem do Raul Pont, é um fato que já vem ao longo do tempo - estranhamente se orgulha de que, nos grandes complexos esportivos que aqui existem, não haja um níquel de recurso público. Triste e equivocado orgulho. Investir no esporte é investir na saúde pública. Enfatizo claramente que até me pejaria, dada a pujança que hoje alcançaram essas entidades nominadas, de pleitear que o Município viesse a investir nessas entidades, onde ele apenas tem que, nessa hora, não atrapalhar, deixar que eles andem sozinhos, porque estão andando muito bem, graças a Deus - às vezes, atrapalhados. Não quero nenhum tipo de apoio para essas entidades, mas não apoiar essas múltiplas atividades esportivas que a comunidade, através de pequenas agremiações, realiza em toda a periferia de Porto Alegre é uma grave omissão que creio que poderemos ainda corrigir, porque ainda resta tempo de influenciarmos nesse Orçamento Plurianual e, logo ali adiante, influenciar no Orçamento do Município, alocarmos mais recursos para projetos objetivos. Porque, no Município, onde se conta com orgulho que se teve um superávit de 6 milhões de reais em um ano, nós investirmos tão-somente 235 mil reais nessa atividade é estabelecermos mais do que um paradoxo - é uma verdadeira contradição. Não há, portanto - é pena que o Ver. Adeli Sell, que me fez um aparte e me questionava sobre a manifestação política que o gesto de inclusão do desporto no Plano Plurianual de investimentos... -, não há nem o gesto político, porque são tímidos, em significância, são ineficazes os valores que são colocados à disposição desse setor, que mereceria uma atenção muito maior. Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ao observar a conclusão do meu tempo, gostaria de deixar bem registrado que Porto Alegre, que se jacta de ter um dos melhores índices de qualidade de vida - e o tem pelo esforço de muita gente e de todos nós -, precisaria também se preocupar com esse particular, e esse seria o meu apelo ao conjunto da Casa, hoje muito pequeno na sua representação aqui, mas muito expressivo na qualidade dos Vereadores aqui presentes. Nós, com o poder que ainda nos resta e dentro da responsabilidade que nós não delegamos, devemos modificar esse quadro que, para mim, é triste, é tímido, é lamentável e é pouco eficiente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE:  Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h22min.)

 

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